O Ministério Público Federal em São Paulo divulgou na quinta-feira que pediu a inclusão de dois ex-deputados federais como réus na ação que tramita na Advocacia Geral da União e que investiga o caso conhecido como máfia das sanguessugas - esquema criminoso de compra de ambulâncias. A ex-deputada Edna Bezerra Sampaio Fernandes, conhecida como Edna Macedo, irmã do bispo Edir Macedo, e o ex-deputado Marcos Roberto Abramo, então integrante da bancada evangélica, apresentaram emendas individuais ao orçamento federal de 2004, que, segundo o MP-SP, beneficiaram o esquema.
A ex-deputada Edna Macedo apresentou emenda no valor de R$ 60 mil em benefício do município de Pirapora de Bom Jesus. A ação de improbidade administrativa, proposta contra os dois ex-deputados, trata de atos praticados na concessão e execução de dois convênios firmados entre este município e o Ministério da Saúde e Fundo Nacional de Saúde, para a compra de ambulâncias.
O ex-deputado federal Marcos Roberto Abramo apresentou emenda no valor de R$ 160 mil em benefício da Associação Beneficente Cristã (ABC). A ação proposta pela AGU analisa atos criminosos na concessão e execução de quatro convênios pela ABC.
"Ao descrever os autores dos atos de improbidade administrativa, a AGU deixou de tratar dos políticos responsáveis pelas emendas orçamentárias", disse o procurador da República Roberto Antonio Dassié Diana, autor dos pedidos. "A inclusão das emendas no orçamento foi ato imprescindível para a liberação dos valores", apontou ele.
Máfia das Sanguessugas
A Operação Sanguessuga foi desencadeada pela Polícia Federal em Mato Grosso e apurou um grande esquema de fraudes em licitações no Ministério da Saúde. A ação criminosa teria sido liderada pelos sócios da empresa Planam, sediada naquele Estado, que teria desviado recursos públicos para pagamentos a parlamentares que propusessem emendas orçamentárias para a compra de ambulâncias para prefeituras ou organizações sociais.
Segundo o MP-SP, as licitações para as compras dos veículos eram todas acertadas com empresas ligadas ao esquema e as propostas de convênio feitas em conluio entre os principais responsáveis pela empresa Planam e a prefeitura ou entidade social beneficiada. Geralmente, as ambulâncias não vinham com os equipamentos médicos ou odontológicos necessários e o dinheiro que seria destinado aos equipamentos não adquiridos era rateado entre os participantes de cada esquema.