Entre reconhecimentos mútuos de trabalho em prol da estabilidade econômica, PT e PSDB travaram ontem no Senado um pequeno embate sobre o direto de uso do Plano Real como bandeira política. Durante solenidade em comemoração aos 15 anos da troca da moeda, tucanos frisaram que a atual solidez da economia é fruto da decisão do partido em tocar o projeto que mudou a estrutura econômica do País. Os petistas, por sua vez, ressaltaram que foi no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que as medidas de austeridade foram aprofundadas.
O líder do PT na Casa, senador Aloizio Mercadante (SP), alegou que as lideranças do PSDB, do DEM e de outros partidos que formaram a base do governo Fernando Henrique Cardoso não podem reconhecer apenas a "primeira parte" da história do Real, renegando o que foi realizado ao longo da administração Lula. "Nós tivemos nesses seis anos e meio um papel decisivo em manter a estabilidade", afirmou.
O senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, classificou como "impecável" o primeiro mandato de Lula, considerando as políticas fiscal e de juros, e celebrou a decisão do presidente de ter "renegado" suas posições econômicas históricas na campanha ao Palácio do Planalto em 2002. "Ele renegou tudo que falava a respeito de economia e essa foi a incoerência que mais fortemente aplaudi ao longo da minha vida", disse.
Virgílio afirmou, porém, que o governo "relaxou um pouco a guarda" no plano fiscal diante da insistência do Planalto de promover reajustes salariais de uma série de categorias do funcionalismo, aumentando as despesas durante um período de retração da receita, fruto da crise financeira mundial. "Há tempo para corrigir rumos, é só se pensar mais no País e menos nos eventos que são relevantes para a democracia, como eleições e hospitais", alfinetou.
Fernando Henrique também reconheceu os méritos do governo Lula e disse que seria "injusto" declarar que o sucessor estaria apenas "surfando na onda" do Real. "Até agora ele não disse uma palavra de reconhecimento dos benefícios do Real e que o meu governo trouxeram ao Brasil, mas ele também fez sua parte", disse.
Para o ex-presidente da República, uma das ações importantes do governo Lula foi seguir "tudo" em termos de política macroeconômica deixadas pelo governo anterior, mas bateu na tecla de que o País "não é feito por um homem". "A Nação é construída como uma corrida em que uma equipe entrega a faixa para a outra equipe, para chegar a um resultado melhor."
Mercadante defendeu maior diálogo entre Lula e FHC, ao ponderar que a credibilidade que o País desfruta hoje é resultado do trabalho dos dois. Fernando Henrique demonstrou que a disposição existe, mas o gesto deve partir de Lula. "Quem pode dizer ?vamos juntos? é quem está por cima", disse. "Sempre que estive por cima tentei, não consegui."
FRASES
Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente
"Ele (Lula) não disse uma palavra de reconhecimento dos benefícios do Real e que o meu governo trouxeram ao Brasil, mas ele também fez sua parte"
"O País não é feito por um homem"
O líder do PT na Casa, senador Aloizio Mercadante (SP), alegou que as lideranças do PSDB, do DEM e de outros partidos que formaram a base do governo Fernando Henrique Cardoso não podem reconhecer apenas a "primeira parte" da história do Real, renegando o que foi realizado ao longo da administração Lula. "Nós tivemos nesses seis anos e meio um papel decisivo em manter a estabilidade", afirmou.
O senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, classificou como "impecável" o primeiro mandato de Lula, considerando as políticas fiscal e de juros, e celebrou a decisão do presidente de ter "renegado" suas posições econômicas históricas na campanha ao Palácio do Planalto em 2002. "Ele renegou tudo que falava a respeito de economia e essa foi a incoerência que mais fortemente aplaudi ao longo da minha vida", disse.
Virgílio afirmou, porém, que o governo "relaxou um pouco a guarda" no plano fiscal diante da insistência do Planalto de promover reajustes salariais de uma série de categorias do funcionalismo, aumentando as despesas durante um período de retração da receita, fruto da crise financeira mundial. "Há tempo para corrigir rumos, é só se pensar mais no País e menos nos eventos que são relevantes para a democracia, como eleições e hospitais", alfinetou.
Fernando Henrique também reconheceu os méritos do governo Lula e disse que seria "injusto" declarar que o sucessor estaria apenas "surfando na onda" do Real. "Até agora ele não disse uma palavra de reconhecimento dos benefícios do Real e que o meu governo trouxeram ao Brasil, mas ele também fez sua parte", disse.
Para o ex-presidente da República, uma das ações importantes do governo Lula foi seguir "tudo" em termos de política macroeconômica deixadas pelo governo anterior, mas bateu na tecla de que o País "não é feito por um homem". "A Nação é construída como uma corrida em que uma equipe entrega a faixa para a outra equipe, para chegar a um resultado melhor."
Mercadante defendeu maior diálogo entre Lula e FHC, ao ponderar que a credibilidade que o País desfruta hoje é resultado do trabalho dos dois. Fernando Henrique demonstrou que a disposição existe, mas o gesto deve partir de Lula. "Quem pode dizer ?vamos juntos? é quem está por cima", disse. "Sempre que estive por cima tentei, não consegui."
FRASES
Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente
"Ele (Lula) não disse uma palavra de reconhecimento dos benefícios do Real e que o meu governo trouxeram ao Brasil, mas ele também fez sua parte"
"O País não é feito por um homem"
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