Com o dólar abaixo de dois reais, é previsível que continue a grita para que o Banco Central intervenha de forma mais acentuada no mercado de câmbio. O problema é que o BC não pode simultaneamente determinar a taxa de inflação e a taxa de câmbio. Ou ele cuida de um, ou cuida de outro.
É compreensível que exportadores se voltem para o Banco Central na expectativa de que esse possa, através de pesadas intervenções no mercado, comprando dólares, sustentar a paridade em um nível que mantenha competitivas as exportações brasileiras.
Contudo, a teoria econômica já mostrou, há muito tempo, que quando a política econômica tem dois objetivos – neste caso, manter a inflação dentro da meta e a taxa de câmbio acima de dois reais por dólar – são necessários dois instrumentos.
O instrumento de controle da inflação é a taxa de juros. O problema é que a manutenção da taxa de juros interna, em patamar muito acima das taxas de juros de países com grau de risco similar ao nosso, voltou a atrair volumes expressivos de recursos externos para aplicação no país.
A conversão desses recursos em reais está pressionando para baixo a taxa de câmbio. E assim permanecerá, a menos que os determinantes da taxa de juros interna se alterem.
A taxa de juros brasileira é alta porque a dívida pública continua a crescer. Interromper essa trajetória de alta requer o uso de outro instrumento, a política fiscal.
O governo já deveria ter cortado gastos correntes, de forma a zerar o déficit nominal. Não o fez, as taxas de juros permanecem altas, o que atrai capital externo e valoriza o real. E assim ficará, porque não há qualquer indicação de austeridade fiscal no horizonte.
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