sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Cesp sobe e Serra diz que é maluquice


Desde o começo da semana, não há um dia sequer que as ações da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) fiquem fora das maiores altas do Ibovespa. Só ontem, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) série B subiram 4,97%, a maior valorização do índice, e nos últimos três dias acumulam uma alta de 14,57%. Motivo: voltaram as especulações de que o governo federal, enfim, resolverá o imbróglio sobre as concessões das hidrelétricas que vencem nos próximos anos. No caso da Cesp, a situação é preocupante. A concessão das usinas de Jupiá e Ilha Solteira, que representam 65% de sua capacidade de geração, vencem em 2015.

A alta das ações surpreendeu o governo de São Paulo e o ministério de Minas e Energia, segundo apurou o repórter Daniel Rittner. O grupo que estuda a renovação das concessões deverá apresentar suas propostas em março, mas não houve nada de novo que tenha justificado a alta, qualificada como "maluquice de mercado" por uma fonte de primeiro escalão do governo estadual. A tendência do ministério é sugerir a prorrogação das concessões, que atingem mais de 35 distribuidoras, 73 mil quilômetros de linhas de transmissão e quase duas dezenas de hidrelétricas. Mas o Palácio dos Bandeirantes já recebeu a informação clara de que não haverá uma solução à parte para a Cesp, segundo apurou Rittner. Deve sair do grupo que estuda a renovação um projeto de lei, que será submetido ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), antes de seguir para o Congresso. Se engana quem pensa que o governador José Serra já determinou uma reavaliação da estatal para retomar de imediato o processo de privatização.


Em mais um dia sem detalhe algum sobre o pacote americano de socorro ao sistema bancário, faltou coragem e fatos para que os investidores olhassem o mercado com bons olhos. O Ibovespa novamente fechou em queda. Desta vez, o indicador chegou a cair mais de 2%, ficando abaixo dos 40 mil pontos. Mas a pressão vendedora perdeu força perto do fim dos negócios e o índice fechou em baixa de 0,84%, aos 40.500 pontos. Mesmo com a queda de ontem, a bolsa ainda acumula alta de 3,05% este mês.

A decepção do mercado com a total falta de atenção do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, em explicar melhor como irá tirar os bancos do atoleiro acabou ofuscando algumas notícias positivas sobre a economia dos EUA. A mais importante foi o índice de vendas no varejo, que teve alta de 1% em janeiro, enquanto as previsões eram de queda de 1%. O raciocínio no mercado foi o seguinte: esse indicador melhor se torna um nada dado que os planos de salvamento ainda estão no campo das hipóteses.

Em resumo: o número de vendas no varejo, por mais positivo que seja, é totalmente passado, sem a garantia de que irá se repetir. Os pacotes são o futuro, que se mostra incerto. Também há um lado psicológico nessa queda do mercado. Os investidores depositavam muitas fichas no governo do presidente dos EUA, Barack Obama. Agora, passada a posse, o mercado esperava atitudes enérgicas e, o que se vê, por enquanto, decepciona.


Com o humor abalado, os investidores aos poucos vendem as ações de commodities, embolsando os ganhos que tiveram desde o início do ano, e migram para os papéis mais defensivos, como os de telefonia e energia. Ontem foi mais um dia desses. As ações de siderurgia e mineração tomaram conta do ranking das maiores quedas do Ibovespa, enquanto as teles e elétricas lideraram o campo positivo. As ordinárias (ON, com voto) da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) caíram 3,20%, a maior baixa dentro do índice. Em seguida ficaram as PN da Gerdau, com queda de 2,95%. Os papéis de alguns bancos, como Bradesco e Banco do Brasil, também caíram bem, acompanhando o movimento acentuado de desvalorização das ações de alguns dos grandes bancos americanos.


A queda da bolsa, puxada principalmente pelos papéis de commodities, pode passar a impressão de que os investidores estrangeiros, que historicamente preferem esses ativos de grande liquidez, podem estar batendo em retirada do mercado. No entanto, no mês, até o dia 10, o saldo líquido (diferença entre compras e vendas) de estrangeiros está positivo em R$ 1,977 bilhão. Esta é uma sinalização importante já que em 2008 esses investidores fugiram do mercado brasileiro.-Valor Econômico

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