O episódio do corregedor da Câmara, Edmar Moreira, revelou os Democratas em grande forma. Foi o bom e velho PFL em ação. Diante da avalanche de acusações contra o dono do castelo, os demos não titubearam: ficaram sem fazer nada. Edmar Moreira, filiado ao Democratas em Minas Gerais, foi apenas convidado a renunciar ao cargo de corregedor. Expulsá-lo ou suspender sua filiação, nem pensar. É a velha tática da pefelândia. Indignação em público, pouca ação em privado e muita fé na ação do tempo para deixar as coisas como estão.
Por analogia, a atitude do PFL é equivalente à de um banco ao descobrir um funcionário suspeito de dar um desfalque. Em vez de afastar o envolvido, sugere ao sujeito que se demita espontaneamente. Ninguém deve ser condenado sem ter amplo direito de defesa, dirão os pefelistas -hoje autodenominados democratas.
Quem defende esse argumento esquece a história e confunde política com Justiça. Em 1997, dois deputados do PFL foram flagrados vendendo seus votos. Era uma notícia de jornal. Não havia processo judicial. O então cacique pefelista Luiz Eduardo Magalhães entrou na sala e perguntou aos colegas: "Alguém aqui tem dúvida de que eles fizeram isso? Não? Então vamos expulsá-los já". Fez-se política. Os deputados depois foram se defender na Justiça. Dentro da Câmara, tudo se sabe.
Alguém tem dúvida de que Edmar Moreira falou barbaridades (sobre ser incapaz de julgar deputados corruptos)? Faltam dados sobre as dezenas de acusações empilhadas contra ele? Se não há dúvida, também não há razão para o DEM -ou outro partido- mantê-lo filiado. Ao limitar sua ação à retórica, o DEM-PFL mostra ter piorado com o tempo. Na década passada, a sigla mantinha as aparências. Quando eclodia um escândalo, expulsava os envolvidos. Agora nem isso. (Fernando Rodrigues - Folha)
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