Em linha com a percepção de alguns empresários como o presidente do grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou ontem que a economia brasileira voltará a crescer em março. A previsão, de acordo com o ministro, se justifica pelo início de reação em determinados setores da atividade econômica, que já demonstram sinais de aumento de renda e do consumo.
– Em setembro, previ que os meses de outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro seriam difíceis, mas que no mês de março iniciaria a vanguarda do crescimento no país – afirmou Lupi. – O Brasil será o primeiro país a crescer durante a crise. O setor de construção civil e a indústria já começaram a dar sinais de retomada do crescimento. O saldo negativo caiu muito. É claro que não podemos comparar janeiro deste ano com janeiro do ano passado, mas no auge da crise, a menor desaceleração já é um mérito. Sou um homem de fé.
Na mesma linha que o ministro do Trabalho está o consultor de empresas e conferencista Stephen Kanitz, que causou polêmica recentemente ao afirmar que não há crise no Brasil. Para Kanitz, o debate sobre recessão se disseminou a partir de previsões alarmistas, mas o Brasil não apenas está longe do fundo do poço como será o único entre os países emergentes a sair rapidamente da turbulência.
– A palavra crise já não é adequada. Não é nem que estejamos engatinhando, nós já saímos do fundo do poço, e saímos bem – afirma Kanitz.
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião no Palácio do Planalto, que os últimos números dão sinais de melhora da economia. Na última sexta-feira, o empresário Abilio Diniz afirmou que muitos empresários aproveitaram a crise mundial para promover ajustes que seriam feitos de qualquer maneira nos quadros de funcionários. De acordo com o empresário, que participou na ocasião de evento com o ministro Guido Mantega, as demissões ocorreriam independentemente da crise.
Mais moderado, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, afirmou que a confirmação do processo de recuperação vai depender do que acontecer no primeiro trimestre deste ano. No entanto, afirma que, mesmo que 2009 não seja um ano de bonança, dificilmente teremos uma catástrofe.
Pochmann enumerou três fatores para justificar o impacto da crise sobre o Brasil a partir de outubro. Além do contágio pelo comércio externo, com a queda dos preços das commodities, citou a redução do crédito e o comportamento das transnacionais instaladas no Brasil. O economista justificou que muitos dos cortes e das remessas de recursos para o exterior, sob a forma de dividendos, foram motivadas pela necessidade de compensar as perdas das matrizes no exterior.
Para sair mais rápido da crise, Pochmann afirma que será fundamental a rapidez de resposta do governo. Um fator que, segundo o economista também poderá contribuir para a recuperação, é a diversificação do rol de parceiros comerciais do país.
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