quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Kassabinho e 2012

Gilberto Kassab tem poucos motivos para brindar o ano novo. Não terá somente que se desdobrar para recuperar os índices de aprovação, que despencaram ao longo de 2009, mas reavaliar toda a sua estratégia política.

Por alguns meses, o DEM pensou em um voo mais ambicioso para o prefeito de São Paulo. Lançá-lo ao governo do Estado, por exemplo.

Kassab despontava como nova liderança dentro e fora do partido. Passara com louvor no teste das urnas em 2008. Por que perder o embalo? Além disso, há a desavença entre José Serra e o candidato tucano, Geraldo Alckmin. O governador não haveria de se opor à ideia de patrocinar dois nomes de sua base. No entanto, a administração Kassab derrapou feio em 2009 ao lidar com restrições orçamentárias. Não tomou decisões sensatas em muitas áreas cruciais, como varrição de ruas, merenda escolar e controle de enchentes. A Cidade Limpa virou a Cidade Descuidada.

Pior: Kassab mostrou-se indeciso. Cansou-se de anunciar "maldades" e depois recuar -um jogo sádico com o município, que comprometeu tanto a imagem do bom executivo como a do político afável. Quando enfim manteve a palavra, foi para aumentar o IPTU. Afe.

O eleitor, claro, reagiu. O boneco Kassabinho da campanha deve estar levando agulhadas de vodu. Em um ano, dobrou o número de paulistanos que acham ruim ou péssima a gestão -de 13% para 27%. Os que a consideram ótima ou boa caíram de 61% para 39%. A avaliação derreteu em todos os recortes: renda, sexo, idade e escolaridade. Sem o respaldo da cidade, Kassab torna-se "inelegível" em 2010.Obriga o DEM, em vez de avançar no cenário estadual, a tentar proteger o municipal. Conseguirá um prefeito anêmico fazer o sucessor?

Os rivais pegaram a deixa. Perceberam que 2010 também servirá ao jogo de 2012. Não à toa, voltou-se a falar no PT nos nomes de Aloizio Mercadante e Fernando Haddad. Folha

Um novo olhar



Na última quinta-feira (24/12), o prestigiado jornal francês Le Monde escolheu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "o homem do ano de 2009. Por seu sucesso à frente de um país tão complexo como o Brasil, por sua preocupação com o desenvolvimento econômico, com a luta contra as desigualdades e com a defesa do meio-ambiente”.

Poucos dias antes, Lula foi escolhido pelo jornal espanhol El País a primeira das cem personalidades mais importantes do mundo ibero-americano em 2009. Com direto a foto de capa inteira e perfil assinado pelo próprio primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero. "Homem que assombra o mundo", "completo e tenaz", “por quem sinto uma profunda admiração", escreveu o premiê espanhol.

Neste dia 29 de dezembro, o jornal britânico Financial Times escolheu o presidente brasileiro como uma das 50 personalidades que moldaram a última década, porque “é o líder mais popular da história do Brasil”. “Charme e habilidade política... baixa inflação... programas eficientes de transferência de rendas...", diz o jornal.

Há nestas notícias da imprensa internacional o reflexo de um novo dia, de um novo tempo de novos sonhos. Um novo olhar do mundo sobre o Brasil. No entanto, para o leitor/ouvinte dos nossos jornalões, simplesmente nada disso aconteceu.

Lula encerra agenda de 2009 em encontros com Steinbruch e Meirelles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se ontem, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde embarcaria para Brasília, com o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch. Foi o primeiro encontro entre os dois depois de Lula manifestar a irritação com o atraso nas obras da Ferrovia Transnordestina, conduzida pelo consórcio encabeçado pela CSN. Segundo divulgou o Valor na edição de segunda-feira, o presidente não gostou ao saber que não conseguirá inaugurar, em 2010, ano da campanha eleitoral da sua sucessão, nenhum trecho da ferrovia ligando o interior aos dois principais portos do Nordeste: Pecém (CE) e Suape (PE).

Lula queixou-se aos representantes do consórcio em reunião no dia 8 de dezembro. Ouviu as reclamações dos empresários de que a obra estava orçada com um valor abaixo do praticado pelo mercado e que, por isso, o grupo tinha dificuldades em subcontratar empreiteiras para realizar a obra, especialmente no Ceará. Ao término do encontro, o presidente desabafou: "Estou me sentindo enganado".

Steinbruch não estava presente, pois participava, no mesmo dia, de uma reunião de negócios em Nova York, o que ajudou a aumentar a insatisfação de Lula. Segundo interlocutores do presidente, o encontro de ontem serviu para atender a uma reivindicação do próprio empresário, "que tentava uma audiência com Lula, dificultada pela incompatibildade das agendas". Relatos obtidos pelo Valor apontam que a conversa foi breve e amena. Steinbruch fez um balanço do ano de 2009, discorreu um pouco sobre o andamento das obras da Transnordestina e projetou ações para o ano que vem.

Lula também encontrou-se, ainda na sala de autoridades do aeroporto de Congonhas, ao voltar de São Paulo para Brasília, com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Meirelles levou ao presidente as avaliações feitas pelo mercado financeiro mostrando que o Brasil poderá crescer até 5,9% em 2010. O presidente tem dito que prefere não arriscar um percentual de crescimento para o ano que vem, mas, em seu último programa de rádio de 2009, afirmou que o país "não vai mais parar de crescer e se tornará, em pouco tempo, a sexta, a quinta ou a quarta maior economia do mundo".

Lula vai sair de férias até o dia 10 de janeiro. Segundo um auxiliar do presidente, ele vai com a família para a base naval de Aratu (BA). Lula esteve na mesma base em janeiro deste ano, embora a virada do ano tenha sido comemorada em Fernando de Noronha (PE). O presidente retornou de São Paulo no fim da tarde de ontem e seguiu diretamente para o Palácio da Alvorada. Hoje, não estão previstos compromissos oficiais do presidente. A agenda de trabalho só será retomada no dia 11 de janeiro.

Outros ministros também aproveitaram o reveillon e o início de janeiro para descansar. A chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, deixou Brasília no dia 28 de dezembro e retorna no dia 5. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, retorna à Capital apenas no dia 15. As assessorias não divulgaram os locais de férias dos ministros. Os ministros da Justiça, Tarso Genro, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do Planejamento, Paulo Bernardo, também suspenderam compromissos oficiais no início de 2010.

Brasil impediu ação americana no Suriname

Em uma tarde de abril de 1983, o então presidente João Figueiredo recebeu o embaixador dos Estados Unidos, Anthony

Motley, para uma visita fora da agenda do Palácio do Planalto. Más notícias. Motley, acompanhado de um assessor da Casa Branca, levava ao conhecimento do governo brasileiro a intenção do presidente Ronald Reagan de determinar uma intervenção militar no Suriname. O diplomata sustentava sua argumentação com fotos aéreas e informações da inteligência americana comprovando a presença crescente de soldados de Cuba no país. Seriam cerca de 400 deles - o equivalente a um terço do contingente das Forças Armadas surinamesas - em instalações próprias, fechadas e com características de centros de
treinamento.

A presença de um núcleo multiplicador da revolução socialista cubana no continente era inaceitável. Figueiredo reagiu depressa. Despachou para Paramaribo, no avião presidencial, o general Danilo Venturini, secretário do Conselho de Segurança Nacional. A missão de Venturini era oferecer ao líder surinamês, Desi Bouterse, suporte técnico em setores estratégicos, linhas de crédito e parceria em programas de infraestrutura - com o compromisso de afastamento rápido e inequívoco de Havana. Deu certo. No dia 26 de outubro o embaixador cubano, Oscar Cardenas, deixou o país. Seis dias mais tarde só o zelador permanecia na representação diplomática.

O episódio implicou uma certa tutela brasileira sobre o Suriname nos 20 anos seguintes. Foi aberta uma linha de crédito de emergência de US$ 10 milhões e entregues seis blindados Cascavel, armados com canhão de 90 milímetros.

Essa frota foi seguida de outra, composta por 15 blindados Urutu para transporte de tropas. Oficiais passaram a ser preparados nas escolas de comando brasileiras. Do pessoal das três forças do

Suriname, 1.840 militares, aproximadamente 300 falam português, aprendido na escola criada por uma equipe do extinto Serviço

Nacional de Informações, o SNI, em 1984, e ainda em funcionamento. O general Octávio Medeiros, chefe do SNI em 1983, morto em 2005, lembrou, em depoimento para sua biografia profissional, que o Exército do Brasil auxiliou, "muito diretamente", o esforço de Desi Bouterse para contermercenários "pagos e equipados por empresários europeus" que,segundo ele, pretendiam derrubar o governo. O sistema de comunicações e telefonia do Suriname foi projetado, financiado e instalado por empresas brasileiras. O governo do atual presidente, Ronald

Venetiaan, mantém ativos todos os compromissos de cooperação bilateral.

TJ-SP garante segurança pessoal para ex-integrantes do conselho

Provimento 1721/2009, um dos atos derradeiros da gestão do desembargador Roberto Antônio Vallim Bellocchi na presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, assegura proteção permanente de dois seguranças militares a ex-integrantes do Conselho Superior da Magistratura. Estão entre os beneficiados desembargadores ativos e inativos. A medida é extensiva a seus familiares "durante as 24 horas do dia, até o término do biênio subsequente ao do mandato exercido". A todos é facultada a "disposição de agente de segurança e viatura fixos".

O provimento, de 10 de novembro, "dispõe sobre a manutenção de seguranças aos membros do conselho, depois de findos os seus mandatos". Entrou em vigor na data da publicação no Diário Oficial, antevéspera do Natal, 23 de dezembro.

São duas as justificativas para a escolta especial aos magistrados. Uma delas considera que "os integrantes do conselho, ao término de seus mandatos, ainda dispõem de informações que, se conhecidas por terceiros, poderão influenciar na atuação dos sucessores." A outra destaca para "a necessidade de preservação da integridade física dos membros do conselho que deixam o exercício de seus mandatos".

A vigilância, diz o parágrafo único, "poderá ser reduzida ou dispensada a critério de cada um dos ex-integrantes do conselho". O provimento invoca "analogia com outros poderes". O conselho é atualmente constituído pelo presidente do TJ, pelo corregedor-geral e pelo vice-presidente. A partir de janeiro serão integrados os presidentes das três seções do tribunal - Direito Público, Privado e Criminal. No dia 4 toma posse o novo presidente da corte, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, que substitui Bellocchi.

O conselho tem funções administrativas. Decide sobre quadros de pessoal, gestão e planejamento. A assessoria da presidência do TJ informou que quem se beneficia da medida são "os que estão deixando seus cargos no final deste ano e não permanecerão no conselho". Segundo a assessoria, "carros à disposição os desembargadores já dispõem". O custo da guarda "é de competência da Polícia Militar e do Executivo".

O desembargador Nélson Calandra, 30 anos na magistratura paulista, não vê privilégios. "É coisa hipotética, a maioria não usa, não gosta. O provimento é norma meramente programática e abstrata porque depende de solicitação e a maioria não solicita. Ninguém gosta de andar escoltado, é sempre um transtorno. Temos que admitir que muita gente é ameaçada, especialmente magistrados da sessão criminal. Mas tem que ter efetivo policial. E não tem. Muitas vezes somos ameaçados em razão do cargo. Eu mesmo já fui ameaçado, denúncias anônimas. Quadrilhas criminosas aprontam. Um dia assaltaram minha mulher na porta de casa, levaram meu carro zero e minhas roupas."

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ministro Paulo Bernardo: governo terá de usar duodécimo em janeiro

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou hoje que o governo terá de usar o duodécimo (1/12) para pagar as despesas de janeiro. Isto porque, segundo ele, dificilmente o orçamento da União de 2010 será sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o dia 31 de dezembro.

Bernardo acredita que a lei orçamentária só deverá ser encaminhada pelo Congresso, ao Executivo, no início de janeiro. "Não acho que vá demorar muito. O orçamento deve chegar ao governo até o dia 10 de janeiro", afirmou Paulo Bernardo, depois de participar de entrevista no programa Bom Dia Ministro, promovido pela Radiobrás. Ele acredita que as divergências entre governo e oposição no Congresso serão resolvidas.

Lula inaugura pronto-socorro em São Bernardo do Campo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura hoje (29), às 10h45, a Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA) da Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo (SP). O pronto-socorro tem capacidade para atender casos de urgência de uma região que abrange 200 mil habitantes.

Participam da cerimônia a ministra interina da Saúde, Márcia Bassit, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Após a solenidade, Lula viaja para Brasília, onde chega às 16h. Às 16h30, ele despacha com assessores no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Aumento a partir do dia 1º de janeiro atinge 6,2 milhões de pessoas

SEGURO-DESEMPREGO

O valor do seguro-desemprego será reajustado em 9,67%. O reajuste valerá a partir de 1º de janeiro, conforme resolução do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). O aumento tem relação com o reajuste do salário-mínimo que subirá de R$ 465 para R$ 510, também a partir de 1º de janeiro. A previsão é que haja um impacto de mais R$ 1,5 bilhão nas parcelas do benefício, consideradas todas as suas modalidades.

Para realizar o cálculo de quanto será a nova parcela do Seguro Desemprego, o trabalhador deve adotar algumas fórmulas. Quando a média dos três últimos salários anteriores à dispensa for até R$ 841,88, o valor da parcela será o resultado da multiplicação pelo fator 0,8. Já quando a média dos três últimos salários for entre R$ 841,89 e R$ 1.403,28 o valor será o resultado da multiplicação pelo fator 0,5 e soma-se a R$ 673,51. A média que exceder a R$ 1.403, o valor da parcela será, invariavelmente, R$ 954,21.

Previsão

A previsão é que 6,2 milhões de brasileiros recebam o seguro-desemprego em 2010, o que poderá totalizar R$ 17, 9 bilhões em parcelas. Há ainda a previsão de R$ 727, 6 milhões de incremento no abono salarial, considerando a projeção de pagamento de benefícios no calendário 2009/2010. Totalizando, esses valores corresponderão a um adicional de R$ 2,312 bilhões circulando na economia.

"Essa é a função do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT): proteger o trabalhador. Esses reajustes representam aumento do seu poder aquisitivo e, consequentemente, acelera nossa economia e nosso desenvolvimento", disse o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. A reslução foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União.

O seguro-desemprego é um benefício integrante da seguridade social, garantido pelo art. 7º dos Direitos Sociais da Constituição Federal, e tem por finalidade promover a assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude da dispensa sem justa causa.

Aumento real

O ministro também previu um ganho real (acima da inflação) do salário dos brasileiros, em 2010, de 6%. Em 2009, segundo o ministro, o ganho real do salário deverá fechar em 4%, apesar do impacto da crise financeira internacional na economia. Lupi previu um aumento de mais de mais de dois milhões de empregos em 2010.

Para 2009, a estimativa de Lupi é de que o ano termine com 1,2 milhão de novos empregos. Em dezembro, estima o ministro, a perda de emprego com contratos temporários de fim de ano deverá ser de 250 mil. O volume é menor do que os 300 mil contratos de trabalho temporários que foram encerrados em 2008.

Segundo o ministro, 2010 será o melhor ano para a geração de emprego do governo Lula. Na sua avaliação, o presidente Lula terminará o seu segundo mandato com 12,5 milhões de empregos celetistas (trabalhadores regidos pela CLT) criados. Mais otimista do que a equipe econômica, o ministro estimou um crescimento entre 6% e 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Aprovação ao governo de Kassab cai sete pontos, diz pesquisa

A aprovação ao governo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), teve queda de sete pontos porcentuais entre maio e dezembro deste ano, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (27).

O maior estrago para a imagem do prefeito é com eleitores com renda acima de dez salários mínimos. Nessa faixa, ele chegou a obter 76% de ótimo/bom em outubro de 2008 - agora conseguiu 35%.

Em 2009, o governo de Kassab adotou medidas polêmicas como o corte na merenda, restrições de ônibus fretados, diminuição nos gastos com a limpeza pública, aumento do IPTU e aumento na tarifa do ônibus. Neste fim de ano, com o período de chuvas na capital e o agravamento de enchentes e interdições nas marginais, a prefeitura sofreu duras críticas.

A margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais para mais ou para menos. A sondagem foi realizada de 14 a 18 de dezembro com 1.088 moradores da capital com mais de 16 anos.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Lula anuncia benefícios para moradores de rua

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira duas medidas para beneficiar moradores de rua e catadores de papel. Em um animado encontro de Natal com a população de rua em São Paulo, Lula destacou o comprometimento do governo com as políticas sociais e disse que o problema da moradia nos grandes centros urbanos do país é político.

Durante o evento na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no Centro da capital paulista, Lula anunciou a compra de 25 imóveis vazios do INSS em todo o país ao custo total de R$ 20 milhões. Segundo Lula, os prédios, dois deles em São Paulo, serão destinados à população que não tem onde morar. O presidente criticou ainda o preconceito de parte da sociedade que ignora ou considera ruim a mera existência de pobres nas grandes cidades.

– Todo mundo quer feira, mas não na porta de casa. Todo mundo quer ponto de ônibus, mas não na porta de casa – falou Lula, sob aplausos do público presente, antes de ironizar o preconceito contra os moradores de rua. – Pobre é bom para ver em filme.

Decreto

Durante o evento, Lula assinou decreto responsável pela criação da Política Nacional para a População em Situação de Rua, que cria um comitê interministerial para verificar as reinvidicações do setor, determina a inclusão dos moradores de rua nas contagens oficiais, fortalece da rede de albergues e a cria o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos dos Moradores de Rua – que terá a função de receber denúncias de violência ou discriminação.

– Temos de 50 a 60 mil moradores de rua, mas não temos uma pesquisa confiável. O IBGE vai se comprometer em fazer isso – prometeu Lula, antes de ressaltar a sensibilidade social do seu governo. – Todos aqui sabem que esse governo é voltado permanentemente aos segmentos mais humildes da sociedade. Eu duvido que já tenha tido em algum momento da história desse país não um presidente, mas um governo que tivesse compromisso e a relação mais forte que nós temos com os movimentos sociais desse país.

Sempre bastante aplaudido, o presidente revelou ainda que as empresas que optarem por comprar material reciclado diretamente de cooperativas de catadores de papel deverão receber descontos fiscais na cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

– É um papel decisivo na indústria da reciclagem – disse o presidente, que chegou ao local por volta de 11h30 e só começou a falar ao público duas horas depois. O discurso durou meia hora. O presidente focou suas declarações na questão da moradia e pediu que os movimentos sociais preparassem um projeto com as principais necessidades para que os compromissos fossem assumidos ainda em 2010, ano eleitoral. – Queria que a gente preparasse as necessidades habitacionais para a população de rua ainda este ano. Quando eu vier aqui em dezembro do ano que vem, eu serei rei posto. Já terá outra pessoa eleita e rei posto não faz promessa.
Com agências

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pediu pra sair pra não ser esmagado

A decisão do governador Aécio Neves encerra o primeiro capítulo da sucessão presidencial no PSDB, em favor da candidatura do governador José Serra à sucessão de Lula, mas não põe fim ao suspense que acompanha a novela.

Aécio não anunciou na carta o passo seguinte, o que mantém a possibilidade de vir a disputar uma vaga ao Senado por Minas. Mas é inegável que a desistência anunciada ontem abre caminho para a chapa puro-sangue tão sonhada pelos tucanos e em relação à qual o DEM não tem mais poder de contestação.

Ele sai forte do páreo e pode negociar sua presença numa chapa com José Serra, de forma a não ser um vice decorativo, com papel meramente coadjuvante. Há inclusive antiga proposta no partido pela qual ele teria um ou mais ministérios sob seu comando, garantindo a visibilidade para ser o candidato à sucessão de 2014.

Influiu para que Aécio antecipasse esse anúncio o atrito entre o PMDB e o presidente Lula. Com uma definição mais clara de sua estratégia, o PSDB se coloca como alternativa de aliança para o PMDB, o que, no mínimo, cria dificuldades para a candidata do governo, Dilma Rousseff.

Aécio constatou que chegara ao limite na estratégia de protelar ao máximo sua decisão, sem prejudicar o PSDB. Além dos fatores já mencionados, a posição de pré-candidato começava a ser ameaçada pelo timing de qualquer campanha: ele precisaria começar a se movimentar como candidato se decidisse levar adiante a empreitada.

Embora a crítica de Aécio ao partido, por ter desconsiderado sua proposta de realização de prévias, tenha sido interpretada como um sinal de que não pensa em compor com Serra, a lógica política indica o contrário.

Uma chapa Serra-Aécio, na avaliação de todos os políticos, seria a única opção com chance de enfrentar a popularidade do presidente Lula, transferida para a sua candidata Dilma Rousseff. "Imbatível", é como os tucanos e o Democratas a saúdam constantemente.

De fato, uma composição com o DEM, mesmo se o governador do DF, José Roberto Arruda, estivesse no melhor dos mundos, reforçaria a estratégia de campanha da candidatura oficial de fazer da eleição de 2010 um plebiscito para escolher entre os governos Fernando Henrique e Lula. Já uma chapa puro-sangue, torna o apoio do DEM compulsório e evita o desgaste de uma busca explícita por um vice cujo perfil o parceiro de ontem já não dispõe. E que já não convém.

Aécio e Serra sabem que a campanha não poderá ser contra o presidente Lula. Sua popularidade e o sentimento do eleitor de que deve ao seu governo uma vida mais confortável, de maior poder de compra, de lazer e consumo não recomendam confrontos.

Por isso, a estratégia de postergar o quanto possível o anúncio oficial da candidatura, para que o debate se dê com Dilma Rousseff e que se abra a chance de o eleitor escolher qual dos candidatos têm melhor capacidade de assegurar esse benefícios em continuidade à gestão Lula.

Restará sempre a dúvida sobre o comportamento dos tucanos. Foi estratégia a disputa entre Aécio e José Serra? O acompanhado conflito entre ambos teve o propósito de dar mais visibilidade aos dois políticos, mantendo-os candidatos, sem no entanto sê-los?

Mesmo que não se possa responder positivamente a essa questão, o fato é que, até aqui, todos ganharam. O governador Aécio Neves deixa o figurino de candidato com 15% nas pesquisas, cinco vezes mais do que tinha ao admitir a candidatura. Fica forte com a renúncia, algo que os mineiros sabem fazer como ninguém. Aumenta seu trunfo junto a Serra, e está forte em Minas. Pode impor as condições para aceitar compor uma chapa como vice.

Nas contas dos tucanos, a chapa puro-sangue pode capturar os 35 milhões de votos das regiões Sul e Sudeste e viabilizar uma reversão de expectativas no Nordeste, onde Lula é absoluto nas pesquisas que medem a aprovação de seu governo.

Para Serra, há um efeito colateral do gesto de Aécio, que não chega a ser inadministrável: ainda que continue uma possibilidade, a chapa puro-sangue ganhou contornos mais nítidos, ficou mais próxima da realidade política, o que torna o governador de São Paulo mais candidato do que antes. E, por consequência, vira alvo antes do tempo que escolheu para oficializar sua candidatura.

Seja qual for a estratégia de Aécio, há uma dinâmica própria no processo em curso no PSDB, que pode tornar irreversível a chapa puro-sangue. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) dá bem o tom da euforia do partido, ao dizer que a chapa Serra-Aécio é perfeita: "Aécio é o nosso fator de sedução", diz.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Anos depois, Collor diz que a Globo ajudou a elege-lo presidente

"Ajudou, sem dúvida nenhuma ajudou. Ajudou bastante." Dessa forma, o hoje senador pelo PTB-AL e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello iniciou a resposta à pergunta se a relação com a Rede Globo o ajudou nas eleições de 1989. "Ajudou, sobretudo, a evitar armadilhas, algo que estivesse se tentando montar contra a minha candidatura", completou.

Há 20 anos, no dia 15 de novembro de 1989, ocorreu o primeiro turno das primeiras eleições presidenciais no Brasil após o fim da ditadura militar (1964-1985).Leia tudo aqui

Kassab descarta bombear água de bairro alagado de esgoto em SP

Um dia após dizer que a Prefeitura de São Paulo usaria bombas para drenar a água dos sete bairros do distrito Jardim Helena, na zona leste, alagados há nove dias, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) admitiu ontem que a sucção da água e do esgoto não poderá ser feita. "Chegamos à conclusão de que está muito difícil a retirada dessa água encalhada, porque, na medida em que você retirar essa água, vai voltar a ter mais água", afirmou Kassab à TV Globo, em visita ao Jardim Romano, um dos mais afetados na várzea do Rio Tietê, onde choveu à tarde.

Kassab concluiu pela inviabilidade da proposta após reunião com técnicos da Prefeitura e do governo do Estado. "Não há nenhum desnível que ofereça alternativa de bombeamento. As casas estarão sempre sujeitas a inundações. Nenhuma solução técnica é viável para resolver o problema", justificou o subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli.

A "única solução", segundo ele, é o cadastramento e a remoção imediata das famílias, que terá início hoje na Vila das Flores e, depois, no Jardim Romano. Até 7 mil famílias serão transferidas para acelerar obras do Parque Várzeas do Tietê. Moradores da Vila das Flores disseram que só vão concordar com a mudança se tiverem garantia de moradia definitiva.

Esgoto no Tietê

Na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de São Miguel Paulista da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), também inundada pelas águas do Tietê, 450 litros por segundo de esgoto em estado bruto deixaram de ser recebidos por causa de danos nos interceptadores. A ETE também teve equipamentos quebrados, incluindo três bombas. Até a tarde de ontem, a estação estava praticamente parada, recebendo 350 litros por segundo, que estão sendo tratados apenas em fase primária.

Um grupo de moradores do Jardim Helena visitou a ETE com os deputados Adriano Diogo (PT) e Raul Marcelo (PSOL) e constatou a situação. Logo após a chegada do grupo e de repórteres ao local, uma bomba voltou a funcionar, por volta de 14 horas. O gerente de departamento das ETEs da Sabesp, Leonardo Cittadella, admitiu que o volume de esgoto que deixou de ser recebido em nove dias foi jogado diretamente no rio e o tratamento secundário ainda não voltou ao normal.

"Para restabelecer todo o sistema ainda leva algum tempo", explicou Cittadella. Em nota, a Sabesp informou que a ETE tem capacidade de tratar 1.500 litros por segundo de esgoto e estava tratando 800 litros por segundo antes da enchente. Segundo a nota, o bombeamento normal foi restabelecido ontem e a regularização do sistema secundário ocorrerá até amanhã. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Juro atinge nível mais baixo em quase 15 anos

A taxa média de juros cobrada do consumidor em novembro foi a mais baixa desde janeiro de 1995. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac),o juro médio para pessoa física caiu 0,07 ponto porcentual no período e ficou em 6,96% ao mês.

Das seis linhas de crédito para o consumidor pesquisas pela Anefac, só o cartão de crédito manteve inalteradas as suas taxas de juros. Todas as demais - juros do comércio, cheque especial, crédito direto ao consumidor e empréstimo pessoal de bancos e de financeiras - reduziram suas taxas em novembro.

Para empresas, todas as linhas de crédito pesquisadas apresentaram queda no mês passado, incluindo capital de giro, desconto de duplicatas, desconto de cheque e conta garantida. A taxa média caiu 0,16 ponto porcentual, para 3,75% ao mês. Foi a mais baixa desde fevereiro de 2001.

Os juros vinham em queda desde o início do ano, principalmente nas linhas de crédito para o consumidor. Esse movimento foi interrompido em outubro, quando as instituições financeiras subiram as taxas diante da expectativa de que o Banco Central (BC) pudesse elevar a taxa básica (Selic).

Contudo, em novembro, depois que o BC sinalizou que não subiria a Selic, pelo menos por enquanto, bancos e financeiras voltaram a diminuir suas taxas.

Para o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro, essas reduções podem ser atribuídas ao bom momento por que passa a economia brasileira, à maior competição do sistema financeiro e à expectativa da redução da inadimplência com a retomada do crescimento do emprego e da renda.

Segundo ele, o consumidor brasileiro convive hoje com uma situação nova, na qual a redução dos juros das operações de crédito em alguns casos se dá em níveis superiores às quedas da taxa Selic. Por exemplo, no mês passado o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica em 8,75% ao ano, enquanto os juros cobrados nas operações de crédito para consumidores e empresas caíram no período.

"Nos níveis atuais, a Selic desestimula aplicações de tesouraria e força os bancos a destinarem mais dinheiro para crédito, estimulando a concorrência", afirma Ribeiro.

O panetone do DEM está saindo do forno

Desde ontem, a Câmara Legislativa do Distrito Federal, responsável pelo julgamento do pedido de impeachment do governador José Roberto Arruda (sem partido), está em recesso e só retomará os trabalhos, parcialmente, em 11 de janeiro. O rolo compressor do governo entrou em ação na madrugada de ontem, não só para esfriar o assunto e reduzir a pressão popular sobre os deputados distritais, mas também para ampliar os prazos de tramitação dos pedidos de impeachment contra Arruda.

Antes de entrar em recesso, a base aliada aprovou a lei orçamentária do DF para 2010, que poderá beneficiar com verbas pelo menos cinco empresas citadas no inquérito que apura o esquema de corrupção do governo Arruda.

Segundo levantamento da bancada do PT na Casa, a lei orçamentária destina pelo menos R$ 400 milhões a programas do GDF que este ano foram executados por convênios com as empresas Linknet, Adler, Sangari, Infoeducacional e Unirepro. Os convênios, diz o PT, não foram suspensos.

Oposição teme que governador recorra ao STF Em nota, a assessoria de imprensa de Arruda só informa que “os contratos assumidos dentro da lei, serão cumpridos”.

A nota diz ainda que o GDF criou uma comissão especial para apurar, em 30 dias, os fatos descritos no inquérito da Polícia Federal, na chamada Operação Pandora.

Enquanto os distritais votavam o orçamento, cuja aprovação garantiria o recesso, e discutiam o rito de tramitação de impeachment, na madrugada de ontem, do lado de fora da Casa havia grupos contra e a favor de Arruda. Houve provocações mútuas com gritos de guerra. Policiais militares formaram um cordão de isolamento para proteger os deputados na saída da sessão, às 3h30m.

Apesar de cumprir a orientação de Arruda, a base aliada cedeu e concordou em retomar, na segunda quinzena de janeiro e não apenas em fevereiro, os trabalhos da CPI e o trâmite dos pedidos de impeachment.

Aprovou, porém, um rito mais longo para eles: terão que passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pela comissão especial, que terá só cinco integrantes (quatro governistas).

Haverá prazo de defesa para Arruda, antes de votação em plenário. A oposição teme que a mudança permita a Arruda recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o rito.

A CPI da Câmara que investigará as denúncias feitas pelo ex-secretário Durval Barbosa, também terá o comando da base aliada: serão quatro governistas e um oposicionista, o deputado Paulo Tadeu (PT). E três deles já foram secretários de Arruda: Eliana Pedrosa (DEM) e Alírio Barbosa (PPS), que deixaram os cargos quando o escândalo estourou, e Raimundo Ribeiro (PSDB). A previsão é que ela seja instalada dia 11.

Raimundo também acumula o cargo de corregedor ad hoc, responsável pelos processos por quebra de decoro contra os oito distritais envolvidos no esquema denunciado por Durval.

Com o recesso, os prazos de defesa dos distritais estão suspensos e só serão retomados em fevereiro.

Apesar de admitir ser amigo de Arruda, Ribeiro garante que agirá com isenção: — Sou advogado da União há 20 anos e nunca deixei qualquer amizade ou inimizade influir em minhas decisões.

Ribeiro reagiu às críticas feitas ao recesso no auge da crise, alegando que, assim como aconteceu no caso do ex-presidente Fernando Collor, é preciso primeiro apurar os fatos, antes de julgar o impeachment: — Temos que julgar com responsabilidade.

Nunca aceitarei um julgamento sumário.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Jeitinho de lesar cofre público.Assessor de vereador ganha bônus de Natal

Na véspera do final dos trabalhos de 2009, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou projeto que concede a funcionários da Casa bônus de Natal de R$ 885 - e que pode ser pago também nos próximos anos. Não houve, porém, consenso para votar o aumento salarial ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), à vice Alda Marco Antônio (PMDB) e a secretários municipais, que foi adiado. Hoje, deve ser aprovado o Orçamento para 2010.

O projeto do bônus para 3,2 mil servidores ativos, inativos e pensionistas foi criticado por entidades da sociedade civil. Sua versão inicial previa que servidores efetivos e comissionados (sem concurso) do Legislativo poderiam receber até salário integral em dezembro, o que lhe rendeu o apelido de “14º”, negado pelo 1º vice-presidente Dalton Silvano (PSDB).

No caso do aumento ao primeiro escalão da Prefeitura, os vereadores iniciaram pela manhã reuniões para tentar consenso - PT e PSDB foram contra a proposta inicial, na qual o salário de Kassab passaria de R$ 12,3 mil a R$ 22,1 mil (o prefeito disse que abriria mão do valor extra). Mas também não foi aprovada ideia de Carlos Apolinário (DEM), que mantinha remuneração de Kassab e elevava a da vice e secretários de cerca de R$ 5 mil a R$ 11 mil.

Presidente pelo 4º ano

Líder do “centrão”, grupo que se uniu na Câmara em 2005 para ser o fiel da balança entre PSDB e PT, Antonio Carlos Rodrigues (PR) deve ser reeleito hoje para inédito quarto mandato de presidente. Na semana passada, ele foi listado pelo Ministério Público Federal como suspeito de receber propina de construtora - fato que rechaça com veemência. Rodrigues ainda é alvo de processo de improbidade administrativa, de quando era presidente da EMTU, em 1992. Ele nega irregularidade.

A Mesa da Casa em 2010 deve ter ainda Dalton Silvano (PSDB) na 1º vice, Celso Jatene (PTB) na 2º vice, Chico Macena (PT) como 1º secretário, Milton Leite (DEM) na 2º secretaria e Wadih Mutran (PP) na corregedoria, cargo que ocupa desde 2005.

Pontos alagados neste mês superam dezembro de 2008



O número de alagamentos registrados nos primeiros 12 dias deste mês já ultrapassou o de dezembro de 2008. Foram 196 locais alagados do dia 1º ao dia 12, tanto transitáveis como intransitáveis, contra 137 no mês inteiro do ano passado, um aumento de 42%. As informações estão em um relatório do Centro de Controle de Emergências (CGE), órgão da Prefeitura que monitora as condições climáticas da capital. A chuva intensa e a falta de limpeza de bueiros são apontados por especialistas como motivos para o aumento.

O documento aponta 463 trechos com mais registros de alagamento durante o período de chuvas na capital, que vai de novembro a abril. Nestes meses, o CGE implanta a chamada Operação Verão. Desses pontos, 51 são os mais problemáticos. Nove deles estão distribuídos entre as marginais do Pinheiros e do Tietê, alagadas e interditadas na manhã do dia 8, quando a cidade parou por causa da enchente. Só naquele dia foram registrados 124 alagamentos, dos quais 26 intransitáveis. Também houve aumento se comparados os dois últimos meses de 2008 com novembro e os 12 primeiros dias de dezembro deste ano: 233 ante 310 (33%). Em dez anos de operação, 2006 registrou o dezembro com maior número de alagamentos: 261.

Uma das explicações para o aumento do número de alagamentos, segundo a Prefeitura, é o fato de que as chuvas estão mais intensas (leia abaixo). De acordo com o CGE, em dezembro de 2008 choveu 123,6 milímetros na capital. Nos 12 primeiros dias deste mês, o índice foi de 154,3 mm.

“É fato que em menos tempo choveu em maior quantidade”, afirma o engenheiro hidráulico Júlio Cerqueira Cesar. “Mas a Prefeitura deveria limpar muito mais bocas-de-lobo e galerias, questões diretamente ligadas aos alagamentos”, afirma ele.

Segundo dados da Prefeitura, a cidade tem 2.850 quilômetros de galerias, que levam a água das ruas para o Rio Tietê. Mas apenas 780 quilômetros são limpos a cada ano. Já as 397 mil bocas-de-lobo recebem manutenção duas vezes por ano, número considerado insuficiente pelo engenheiro. Neste ano, a Prefeitura investiu R$ 241 milhões na prevenção a enchentes, como limpeza e manutenção de córregos, piscinões e bocas-de-lobo e construção desses últimos. Isso equivale a 63,26% dos R$ 381 milhões previstos no Orçamento.


Segundo Anis Kfouri, presidente da Comissão de Fiscalização do Serviço Público da OAB, em última instância o governernador José Serra (PSDB) é responsável por qualquer dano sofrido pela população. “Se a falta da coleta de lixo ou de obras gerou o alagamento, o cidadão tem o direito de pedir indenização”, afirma.


Como Agir

Em casa

Evite contato com a lama e só beba água filtrada e fervida
Desligue a chave de eletricidade e o registro de água e gás
Procure um lugar mais alto para ficar em segurança
Não use equipamentos elétricos
Avise o Corpo de Bombeiros se encontrar árvores, postes e muros inclinados, ou trincas nos chãos e nas paredes do imóvel

Na rua

Se estiver em local seguro, não saia
Segure as crianças pelo pulso o tempo todo
Se precisar atravessar ruas alagadas, use muros e paredes como apoio ou uma corda segurada por pelo menos três pessoas Tome cuidado com a correnteza. Além de poder ser arrastado, há o risco de ser atingido por carros e objetos boiando na água Caso haja ventos fortes, fique atento a quedas de árvores, fios, postes e semáforos.

No carro

Pare no local mais alto que encontrar e não atrevesse áreas inundadas
Em caso de emergência, ande em baixa velocidade, mantendo o motor acelerado, nunca atrás de outro veículo

Se o nível de água continuar a subir, saia do carro
Use o freio repetidamente, para secá-lo JT

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sacoleiros dos grã-finos

Lá se vão os tempos em que os sacoleiros que municiavam o comércio informal de mercadorias importadas viajavam em caravanas de ônibus até o Paraguai trazendo, às sacudidelas, todo tipo de produto. Hoje, o chique é passear em Nova York, Miami e Orlando (nos EUA) e voltar com a bagagem abarrotada de roupas, perfumes, material esportivo, eletroeletrônico e até bicicletas. Acostumada aos salgados preços desses produtos no país, a classe média alta, animada com o câmbio valorizado, a queda nos preços das passagens e o aumento do poder aquisitivo, descobriu o paraíso nos outlets americanos. Engenheiros, médicos, economistas e militares bancam a viagem de turismo com o lucro apurado no comércio dos produtos e fazendo da atividade uma fonte paralela de renda.

Mercado não falta e as mercadorias se destinam aos amigos, familiares, colegas de trabalho e internautas. É o que basta para fazer os produtos evaporarem. N. K. G. é engenheiro, está desempregado, mas há uma semana chegou de Miami. Aproveitou e comprou uma série de mercadorias, que vão de roupas de cama de 300 fios de algodão a casacos da Nike, meias Puma e bolsas da Guess. “Há mercado. Tem muita gente que vive disso”, sustenta.

O principal argumento de vendas dos sacoleiros de luxo é incontestável. Eles oferecem a possibilidade de acesso a produtos de qualidade, com marcas reconhecidas, a preços baixos. Compram as mercadorias por valores irrisórios. Só para dar um exemplo: um jogo de roupa de cama de algodão de 250 a 300 fios custa entre US$ 29 e US$ 39 nos EUA. Com as taxas, sobe para US$ 43. No Brasil, um produto similar é encontrado por preços que variam de R$ 400 a R$ 1,25 mil. Essa diferença é explicada por produção em escala, tecnologia, logística barata e carga tributária mínima. Enquanto nos EUA o imposto sobre a venda de roupas é de 6,25%, no Brasil chega a 34,67%.

Rafael Belini, secretário do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade, acredita que a carga tributária brasileira funciona como um convite às compras para a classe média. O problema é que a maior parte das mercadorias entra sem pagar impostos. De acordo com a Receita Federal, o limite de entrada é de US$ 500.

O instrutor de esportes Petros Radazzano morou um ano e meio no Havaí, onde trabalhou como salva-vidas. Nesse período, veio ao Brasil duas vezes, sempre com as malas cheias. Nelas, trazia material esportivo, roupas e perfumes. Suas encomendas eram alimentadas por listas na internet. “Quando o dólar está baixo, a margem de lucro cai. Por isso, sempre selecionava o que valia a pena trazer”, conta. Com esse artifício, conseguiu pagar as passagens de ida e volta para as terras do Tio Sam.Correio

O número
Limite US$ 500
Valor máximo de compras no exterior permitido pela Receita Federal

Golpes no natal

A internet deixou de ser somente uma ferramenta de comunicação ágil e que leva informação a todos os cantos do planeta. Além do e-comerce e do mercado publicitário virtual, ganham-se bilhões na web em um comércio clandestino de dados bancários e golpes financeiros. O negócio chega a movimentar US$ 1 trilhão por ano em todo o planeta, segundo cálculos da empresa de software e segurança na internet McAfee. A principal isca para enganar os usuários está no espírito natalino, época em que chega a movimentar 70% dessa economia paralela. As armadilhas para angariar a maior parte desses recursos se resumem nos 12 golpes natalinos (leia quadro abaixo), título de um estudo que relata o funcionamento desse mercado e ensina a escapar das ciladas.

O meio mais usado pelos criminosos são os spams — e-mails não solicitados que são enviados a um grande número de pessoas. No Natal, os hackers aproveitam a boa vontade das pessoas e enviam mensagens falsas, de instituições beneficentes, e solicitam doações. Outro golpe comum no período é o das ofertas mentirosas, no qual uma página eletrônica oferece produtos, como computadores e joias, por 30% do preço. O consumidor compra, mas não leva, e ainda tem os dados bancários furtados. “Esse é um golpe eficiente, de baixo custo, dispara milhões de e-mails em segundos, atingindo uma área enorme do planeta”, explicou o gerente de suporte técnico da McAfee para América Latina, José Matias.

Fraude
Neste Natal, o hacker Noel tem distribuído um e-mail com o título “seu bônus fidelidade TAM”, no qual informa que o consumidor tem direito a uma viagem de ida e volta para qualquer lugar do país, de graça. Todos os elementos visuais da mensagem são idênticos aos utilizados pela companhia aérea. O problema é que nunca foi mandado por ela. Assim que soube da falsa promoção, a TAM divulgou que se trata de uma fraude. “É preciso bom senso. Não se pode sair clicando em qualquer link sem saber de onde ele veio. Nem acreditar em ofertas absurdas, se não está participando de promoções”, aconselhou o diretor da consultoria e-bit, Pedro Guardi.

Esses tipos de e-mails são tão perigosos que, segundo levantamento da McAfee, os prejuízos causados à empresas atingem, em média, U$$ 182 mil ao ano, só com spams. “Se calcularmos para uma empresa de mil empregados, os prejuízos podem somar U$$ 41 mil para cada 1% de spams que esses funcionários recebem”, calcula Matias.

Assédio
A maior dificuldade em combater os spams está na forma como se espalham e na velocidade — correspondem a 83% de todas as mensagens enviadas pela internet. São 150 bilhões em um mês, o que equivale a 30 por dia para cada habitante da terra. Somente nos Estados Unidos, os prejuízos com ataques de hackers, de diversos tipos, somaram U$$ 8 bilhões entre 2007 e 2008. “Às vezes, o varejo é quem sofre mais assédio visando dados financeiros, além de ataques de consumidores fantasmas”, alertou Guardi.

O cibercrime se profissionalizou a tal ponto que existem dois filões de mercado. Um em que são furtadas informações bancárias apenas para aplicar golpes e ganhar dinheiro e outro em que o criminoso pega as informações, realiza um leilão na internet e vende os dados para outros hackers praticarem crimes. “Hoje, você consegue entrar em um site de leilão e comprar uma informação por US$ 0,50 (lance mínimo). É um elo importante da cadeia produtiva do crime”, alerta Matias.

Momento arriscado

De acordo com especialistas, o mês de dezembro é o preferido pelos criminosos para praticar crimes contra consumidores e instituições pela internet. Com a maior quantidade de dinheiro circulando no mercado, devido às férias e ao 13º salário, as pessoas ficam mais dispostas a gastar e os bandidos aproveitam para ganhar dinheiro fácil. A dica é não acreditar nas promessas da web, não fazer doações por ela nem comprar em portais desconhecidos. Nos sites da e-bit e do Buscapé é possível encontrar uma lista de lojas virtuais que cometeram algum tipo de crime. Outra dica é nunca clicar em links desconhecidos. (VM)


Área de zumbis

O Brasil também tem sua parcela de colaboração no trilionário negócio dos crimes pela internet. Especialistas identificaram o Rio de Janeiro como a cidade com o maior número de “máquinas zumbis” do mundo — computadores que são infectados e “controlados por um mestre” para efetuar ataques a consumidores, lojas e instituições financeiras. “É uma rede de 40 mil computadores no Rio, a maioria de usuários comuns que nem sabem que seu computador é manipulado”, afirmou o gerente de suporte técnico da McAffe para América Latina, José Matias.

Na maioria dos casos, nos crimes bem elaborados, não é possível descobrir nem mesmo se o hacker é brasileiro. Para alguns especialistas, a cidade maravilhosa é um dos principais pontos de onde saem ações contra várias partes do mundo. Quando a internet começou a se popularizar no país, há 10 anos, ataques a outros computadores ainda eram brincadeiras de adolescentes. Hoje, 85% têm motivação financeira.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Corrupção é como 'baseadinho' em casa, diz Lula

Ao anunciar ontem o envio de projeto de lei ao Congresso que endurece os flagrantes de corrupção, o presidente Lula afirmou que esse tipo de crime às vezes acontece dentro de casa sem que se perceba.

"A corrupção é como uma droga (...) Às vezes, o filho está queimando um 'baseadinho' no quarto, e ele [pai] não sabe. A corrupção é assim. Às vezes, ela está dentro da tua casa, ela está na tua porta e você não sabe."

Segundo Lula, a administração pública deve fazer um "check-up" anual para tentar identificar ações de corrupção, já que muitos que a praticam têm "cara de anjo" e não dão sinais de que estão desviando recursos públicos.

O presidente enfrentou há quatro anos denúncias de que seu governo pagava mensalão a deputados, em troca de apoio em votações.

"Eu prefiro que saia manchete para a gente poder investigar, do que não sair nada e a gente continuar sendo roubado", disse. Em nenhum momento no evento contra a corrupção, Lula mencionou o escândalo do mensalão do DEM no Distrito Federal.

Lula afirmou que, ao apresentar a proposta, o governo está agindo para combater a "safadeza" com o dinheiro público e defendeu rigor nas punições, principalmente para que atinjam o "alto clero".

"Um cara que rouba um pãozinho vai preso e um cara que rouba R$ 1 bilhão não vai preso. Se não aumentarmos a punição para essa gente, vamos continuar enchendo as cadeias de pobres."

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Questão crucial passa a ser vice



Um ano de articulação, prévias regulamentadas, prévias engavetadas, jogral entre pré-candidatos em horário nobre na TV, e o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB), caminha, aos poucos, para o desembarque da candidatura à Presidência. Se não houver nenhuma mudança no cenário até o ano que vem, Aécio tentará colocar em prática o discurso, não por acaso cada vez mais frequente, da "dedicação à eleição mineira".

Aécio deu sinais de que o seu tempo tem se esgotado. Anteontem, por exemplo, lançou sucessor o seu vice, Antonio Anastasia, o que enterra, de certa forma, o arranjo com o PMDB mineiro, de Hélio Costa, em torno de seu projeto presidencial. Serra, por sua vez, coleciona vitórias. O escândalo com o aliado DEM no Distrito Federal voltou a atenção da cúpula democrata para o seu quintal, aliviando o tucano da pressão dos que "jogam contra", segundo definição de serristas - leia-se aí a ala do presidente do partido, Rodrigo Maia. Outro ponto positivo foi o crescimento do governador na pesquisa Ibope desta semana.

Aécio e Serra reúnem-se sexta. Soará como canção antiga. O mineiro insiste na definição até o final do ano. Como Serra resiste, valerá o velho ditado: o que não tem remédio, remediado está. Para o público, fotos e discurso de que marcharão unidos. Mas a questão que realmente ficará para 2010 é se Aécio terá "nervos de aço" e resistirá à pressão crescente para que seja vice.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cristovam no panetone do Arruda

Principal acusado no mensalão do DEM, o governador José Roberto Arruda (DF) fez lobby no Senado contra a licitação de mão de obra terceirizada de valor mais baixo para beneficiar empresa da família do deputado distrital Cristiano Araújo (PTB), seu aliado político.

Em agosto deste ano, a Fiança Ltda. venceu a concorrência por R$ 8,3 milhões por ano -o contrato anterior era de R$ 14,7 milhões. A licitação, porém, foi cancelada em outubro, e a própria Fiança foi contratada sem licitação por R$ 5,3 milhões por seis meses.

O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), confirmou ontem que recebeu um telefonema de Arruda com o pedido para revogar a licitação. A Folha apurou que a Fiança tinha interesse na revogação porque poderia ser inviabilizada financeiramente com o pagamento de indenizações por direitos trabalhistas.
"Sim, ele me ligou, apesar de eu não ter intimidade. Arruda me contou que foi o senador Cristovam Buarque [PDT-DF] quem pediu para que ele intercedesse", disse Heráclito.

Aécio diz que terá conversa decisiva com Serra na sexta

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que terá uma conversa com o governador paulista José Serra (PSDB) que poderá ser decisiva à escolha do candidato presidencial do partido no próximo ano. Os dois governadores devem viajar juntos ao Piauí, para um seminário do partido sobre infra-estrutura, com a presença do presidente nacional tucano, senador Sérgio Guerra (PE), organizado pelo prefeito de Teresina, o tucano Silvio Mendes.

Aécio, que concorre com Serra em desvantagem nas pesquisas de opinião e na cúpula tucana, tem dado sinais de que pretende desistir da disputa no início de janeiro, caso não se chegue a uma decisão até lá. Ontem, Aécio voltou a demarcar distância de um projeto presidencial.

O governador lançou na convenção estadual do PSDB o vice-governador Antonio Junho Anastasia como seu candidato à sucessão, fechando a porta para a possibilidade de apoiar o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), em uma composição que partiria da premissa da candidatura presidencial de Aécio. O apoio pemedebista agora não poderia mais envolver a cabeça de chapa. "O sentimento que existe no Estado é este que pode ser aferido pela aprovação do governo, pode estimular o PMDB a caminhar conosco", disse o governador, voltando-se para sua base.

"Minas sempre foi minha prioridade absoluta. A partir de janeiro, vou me dedicar integralmente à construção do palanque e rodar todo o Estado", afirmou Aécio em entrevista a jornalistas. Ao discursar, em meio ao coro de "Aécio presidente", o governador iniciou com uma reflexão sobre a política ser "um campo minado, onde os desencontros são mais presentes que os encontros". E permaneceu no tom regional.

"No que depender de mim, o Estado ficará com Anastasia nos próximos anos. É o candidato natural à minha sucessão e na vida política as coisas naturais são as que avançam. Não sei o que o destino me reserva, mas meu maior compromisso é com os mineiros. Quem quer Minas avançando terá uma única opção: o professor Anastasia", disse, para em seguida declarar solidariedade ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), com processo aberto pelo STF por suspeita de envolvimento em peculato e lavagem de dinheiro . "Tenho orgulho de ser correligionário dele", disse.

O governador terminou com uma profissão de fé tucana. "Vamos percorrer o Estado, não importa qual seja a minha posição no próximo ano. Sou um privilegiado, o PSDB é o meu ninho, é o meu lugar, é aqui que ficarei para quem sabe um dia possa levar ao Brasil uma mensagem de transformação". Ao discursar como virtual candidato, Anastasia afirmou que seu primeiro compromisso será de "lealdade absoluta" a Aécio. Estava ladeado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Alberto Pinto Coelho (PP) e pelo presidente regional do DEM, deputado Carlos Melles , que disputam uma vaga na chapa majoritária em 2010.

Em São Paulo, o governador José Serra (PSDB), evitou comentar a pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, que o coloca à frente dos demais candidatos na corrida presidencial. Serra diz que é cedo para analisar pesquisas de sondagens de voto para o próximo ano. "Eu não vou comentar. As pesquisas variam ao longo do tempo. Ainda é cedo do ponto de vista da eleição. Então olho com atenção [a pesquisa], mas deixo de lado qualquer comentário", afirmou ele. (Com agências noticiosas)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tá fraco. Tá ruim

Em meio ao escândalo político envolvendo o governador José Roberto Arruda e os fortes abalos que o episódio desencadeou no Democratas, um sinal de alerta também deve ser aceso nas fileiras do principal aliado da legenda, o PSDB. E não se trata somente dos fortes indícios de que o até então presidente tucano no DF, Márcio Machado, coordenou a arrecadação de doações irregulares, o famigerado caixa dois, da campanha de Arruda em 2006.

Mais preocupante, para o PSDB, foram as fraquezas exibidas no programa partidário que foi ao ar em rede nacional na semana passada, expostas como fraturas carentes do devido cuidado médico. A começar pelo esforço em demonstrar uma unidade e coesão que certamente não existem dentro do partido. Os elogios trocados pelos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, dão a impressão de que reina nas fileiras tucanas uma paz bem maior do que a que de fato existe diante das pressões envolvendo a escolha do candidato do partido à Presidência da República no próximo ano. Serra e Aécio podem até mesmo admirar a gestão um do outro, e se engajarem sinceramente na campanha do correligionário caso sejam preteridos no processo de seleção interna, mas hoje representam, concretamente, interesses e táticas divergentes no campo da oposição.

Um outro ponto delicado, explorado na televisão, parece emergir do que poderia ser classificada como uma miopia política. Há um entendimento dominante dentro do PSDB de que o partido poderia usufruir de melhor prestígio junto ao conjunto do eleitorado se pelo menos este entendesse que parte dos benefícios macroeconômicos que hoje garantem a satisfação de amplas parcelas da população e são considerados conquistas do governo Lula só foram possíveis por causa dos avanços de estabilização da economia levados adiante pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Independentemente dos problemas com essa leitura, o que os tucanos parecem não entender é que a população já sabe disso. Ela entende que o controle da inflação esteve relacionada com a gestão tucana, primeiro do Ministério da Fazenda em seguida da Presidência da República. Em grande medida, FHC foi reeleito, em 1998, por conta disso. Todavia, a “dívida de gratidão”, digamos assim, já foi paga. O Plano Real não foi suficiente para manter um nível razoável de popularidade para o então presidente quase dez anos atrás, até porque a estabilidade foi profundamente atingida pela crise cambial de 1999. Não foi suficiente para eleger Serra em 2002. Passa longe de ser suficiente para eleger qualquer hoje. Sim, Lula manteve, com poucas alterações, a política econômica baseada no tripé superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante. Mas é difícil negar ou ignorar que o que leva a maioria da população a preferir o governo Lula ao de FHC, dado demonstrado em inúmeras pesquisas de opinião, é justamente o que o petista fez além disso. Não obstante, o PSDB sabe que a comparação lhe é desfavorável. Tanto que o seu ex-presidente não é destacado no programa. O partido apenas tenta pegar carona no sucesso do governo atual, desnudando marcas tucanas – a principal delas cravada no Banco Central.

Para ser justo, o partido explorou, na televisão, as ideias e experiências que, entende, são louváveis dos governos Serra e Aécio. Um acerto, tendo em vista que a aprovação elevada dos dois governadores em colégios eleitorais tão significativos é, de fato, uma força da legenda. Mas pode ser pouco para fazer contraponto ao PT em nível nacional. Serve mais para reforçar a imagem pessoal dos postulantes tucanos do que para danificar o governo.

O quesito críticas ao governo talvez seja o que mais precise ser aperfeiçoado pelo tucanato. Na televisão, o partido tentou criar uma oposição entre a potência mundial que o país está se tornando e um suposto abandono dos interesses da população. Bandeiras do Brasil esvoaçantes ao fundo, fez um apelo artificial ao nacionalismo. Nada mais distante do discurso e do programa governamental “globalizante” de FHC. Se a peça publicitária do partido foi uma prévia de 2010, é hora de os tucanos se preocuparem. Na ânsia de mascarar as características que consideram mais rejeitadas pela população, podem acabar se apresentando como uma desonesta versão piorada do seu próprio adversário, o PT.

Terceira via em 2010 é quase impossível, indica pesquisa

O resultado de um estudo de quatro pesquisadores sobre a eleição presidencial de 2006 indica a virtual impossibilidade de uma terceira via na sucessão em 2010. O País voltará a viver uma disputa polarizada entre tucanos e petistas, segundo um dos quatro pesquisadores, professor César Romero Jacob, da PUC do Rio.

Ao analisar o cenário da divisão eleitoral do Brasil na última corrida pelo Palácio do Planalto, os estudiosos notaram que ele pode se repetir. Em 2006, nas regiões Norte e Nordeste, onde os programas sociais, como o Bolsa-Família, foram mais fortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve ampla vitória. Já na região Centro-Sul, onde o dólar barato derrubou o agronegócio, o tucano Geraldo Alckmin teve melhor desempenho. Em 2010, as condições não devem variar, porque há uma nova e franca desvalorização da moeda americana e, paralelamente, mais beneficiários no principal programa social do governo.

"Não acho que essa divisão de votos entre Norte/Nordeste e Centro/Sul tenha relação com a questão da escolaridade", diz Jacob. "Tucanos poderiam achar que o presidente Lula caiu nas regiões mais ricas porque os escândalos do mensalão calaram no eleitorado mais informado. Mas prefiro a máxima de Delfim Netto: o bolso é a parte mais sensível do homem."

O estudo foi publicado na revista acadêmica Alceu, sob o título "A Eleição Presidencial de 2006 no Brasil: Continuidade Política e Mudança na Geografia Eleitoral". Além de Jacob, foi assinado por Dora Rodrigues Hees, da PUC, Philippe Waniez, da Universidade de Bordeaux, França, e Violette Brustlein, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, da França.

Para estudar o comportamento dos eleitores, os pesquisadores adotaram a divisão do Brasil em 558 microrregiões, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Lula e Alckmin ganharam mapas distintos do País, nos quais cores e tons mais escuros mostravam as maiores proporções de votos.

Os modelos mostram a predominância do marrom, vermelho, ocre e laranja nas regiões onde o presidente reeleito obteve maior proporção de votos, e de azul escuro nas parte onde o tucano se saiu melhor. Os dois ganharam votos por todo o País, diferentemente da terceira colocada, Heloísa Helena (PSOL), cuja votação concentrou-se nas grandes capitais, no Estado do Rio e em Alagoas.

"Por isso não acredito na terceira via", afirma Jacob. "Nas grandes capitais, tem mercado político para tudo - mas não necessariamente para ganhar."

Segundo o pesquisador, nenhum candidato consegue ser viável nacionalmente sem recorrer à fórmula usada por Fernando Collor de Mello, em 1989, repetida por Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, e, finalmente, por Lula, em 2002 e 2006. Ela conjuga a adesão de oligarquias que dominam politicamente o interior, o apoio de pastores evangélicos pentecostais e de políticos populistas - nas periferias dos grandes centros urbanos - e um discurso ideológico para a classe média das grandes cidades. O tom é calibrado com a ajuda de pesquisas de opinião qualitativas, que possibilitam ao candidato dizer aquilo que o eleitor quer ouvir.

SEM SINTONIA

Os terceiros colocados na disputa desde a primeira eleição pós-ditadura não tinham nada em comum, em termos territoriais, diz ele. "Leonel Brizola tinha votação concentrada no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul", cita Jacob.

"Enéas Carneiro teve mais votos nas periferias das regiões metropolitanas, de viúvas de Collor. Em 1998, Ciro Gomes teve votos no Nordeste, em Brasília e nas capitais. Já Anthony Garotinho teve votos dos fiéis de igrejas pentecostais nas periferias, mais Rio e Pernambuco. Heloísa Helena teve voto urbano, nas capitais."

Jacob lembra que a senadora Marina Silva (PV-AC), possível candidata pelo PV, seria uma candidata temática, como Heloísa. Brigaria, portanto, apenas pelo eleitorado das grandes cidades, onde há real disputa ideológica e programática.

O professor acredita que a eleição não terá um caráter plebiscitário, como deseja o PT. Mas será polarizada, como acontece há 15 anos.

O fato novo é que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a ungida por Lula para disputar o cargo pelo PT, tem base política no Rio Grande do Sul - Estado onde o presidente perdeu em 2006.

Desafiando o chefão

Um grupo de peemedebistas liderados pelo deputado Francisco Rossi (SP) decidiu desafiar o domínio do ex-governador Orestes Quércia (SP) no diretório estadual do partido. Rossi preparou anteontem o registro de uma chapa para disputar o comando da sigla na convenção do próximo fim de semana, para tirar Quércia da presidência.

domingo, 6 de dezembro de 2009

DEMolição

Seguindo a lógica, o tsunami sobre o DEM invade o território do governador José Serra, candidato tucano. Diminui a probabilidade de escolha de um vice democrata na chapa tucana. O ímpeto do tucanato fica amortecido. Sem participar diretamente da chapa, o Democratas poderá sentir-se livre nos Estados para fazer campanha com partidos não coligados. E uma chapa puro-sangue, defendida por uma ala do PSDB, só não seria limitativa se o governador de Minas Gerais, sob intensa pressão, aceitasse ser o vice de Serra. Ante a rejeição da ideia, já tornada pública por Aécio Neves, sobra a perspectiva cada vez mais defendida por um grupo de tucanos: o governador paulista ficaria com o pássaro na mão (a garantia da reeleição em São Paulo), deixando os dois a voar para Aécio (a candidatura presidencial, risco de monta).

Campanha de Arruda no DF financiou 236 candidatos

Investigado por suspeita de caixa dois e pagamento de mensalão para deputados distritais, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), montou em seu escritório político uma espécie de balcão de financiamento de campanhas em 2006. Dali, abasteceu 220 candidaturas à Câmara Legislativa do Distrito Federal, hoje alvo do escândalo, e 16 à Câmara dos Deputados, num total de R$ 642 mil.

Ao informar a saída dos valores da conta de campanha, a prestação de contas de Arruda omitiu à Justiça Eleitoral as datas dos pagamentos e o CNPJ de quem os recebeu.

Flagrado em vídeos da Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal recebendo maços de dinheiro do seu ex-secretário Durval Barbosa (Relações Institucionais), Arruda alega que as gravações são do período pré-campanha de 2006.

Promotor eleitoral em São Paulo, Maurício Antônio Ribeiro Lopes afirmou que o elevado número de candidatos ajudados por Arruda surpreende e que, em tese, a ausência de datas pode significar ilegalidade. "Isso é sério, pode caracterizar fraude. Existem prazos para a captação e a transferência de recursos. Sem as datas, não há como fiscalizar." O promotor, porém, não vê ilegalidade na distribuição em si.

Na prática, a conta da campanha ao governo do DF funcionou como um comitê eleitoral. Candidatos ouvidos pela Folha relataram, inclusive, que achavam ter sacado os valores de um "comitê" ou do "diretório regional" do partido. Mas, para a Justiça Eleitoral, esse comitê jamais existiu formalmente.

Os valores foram pagos em duas remessas, de R$ 2.100 e R$ 1.050 para cada aliado. Foram 397 repasses. A maioria das campanhas desses candidatos só teve essa fonte de recursos. Alguns não declararam à Justiça a entrada das doações e outros nem sequer prestaram contas da campanha.

Ao médico Dr. Ranon (PMN), por exemplo, Arruda declarou ter doado R$ 3.150 em duas parcelas. O candidato, porém, informou à Justiça Eleitoral que arrecadou R$ 9.000 e gastou R$ 3.000 na campanha, mas que esses recursos foram doados pela sua própria clínica. "Sou empresário e a campanha foi bancada por mim. Não me lembro de ter recebido nenhum recurso dele [Arruda]."

Segundo relatos, funcionava assim: o candidato recebia um telefonema dos dirigentes do seu partido e buscava os recursos em mãos, ora em cheques, ora em dinheiro vivo, no escritório da campanha de Arruda.

"Fui até o partido, o DEM, e peguei um cheque. Mas não lembro quem assinava", diz Fabiano Alves (PR), 301 votos nas urnas. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele não declarou a entrada desse dinheiro porque não prestou contas de sua campanha.

"O partido [PPS] comunicou que o comitê do Arruda iria disponibilizar R$ 3.100, aí eu fui lá buscar os cheques", disse Wisdnay Souza Sales (PPS), 259 votos. "Ele [Arruda] me passou os recursos através do PPS, deu o cheque através do PPS. Eu peguei o cheque nominal e declarei. As pessoas do PPS é que conversaram com o Arruda, houve um acerto para a aliança", disse Pedro Lacerda Neto (PPS), 214 votos.

Legislação

A Lei Eleitoral permite que um candidato redistribua doações feitas a ele para outras campanhas, mas três características incomuns foram adotadas por Arruda: 1) o volume pulverizado de 236 candidatos a deputado; 2) a omissão das datas em que os repasses foram efetuados; 3) e o fato de alguns não terem declarado a entrada do dinheiro à Justiça.

Arruda informou à Justiça ter arrecadado R$ 8 milhões e desembolsado o mesmo valor na corrida eleitoral. O principal financiador de sua campanha foi oculto. Cerca de R$ 3,57 milhões (44,3% do total) vieram do Diretório Nacional do DEM, cuja sede fica em Brasília. Por uma brecha da lei, os diretórios podem captar recursos de empresas e pessoas e repassá-los a determinado candidato sem revelar a origem do dinheiro.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Escândalo do panetone encerra o ciclo de um partido, o DEM, que se acostumou a apontar o dedo

Fim de ano, mais que uma volta no calendário, é também o encerramento de um ciclo. Dá-se adeus ao ano velho e pede-se que "tudo se realize no ano que vai nascer; muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender". No mais é festa, uma baita comilança: pernis, perus, champanhe, sidras, frutas de estação e, é claro, panetones. Este último, guloseima de Natal que, neste ano, entra para o rol do escárnio, ou, sabe-se lá, para o anedotário político nacional que, nos últimos tempos, tem sido engrossado por uma penca de escândalos. De quebra, encerra o ciclo em que o Democratas se dava ao direito de falar do "cisco no olho do outro" sem considerar a trave que vai no seu.

É uma curiosa coincidência que o escândalo em que se afunda o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, ocorra justamente sob os auspícios de Papai Noel, neste período do ano. Foi mesmo um presentinho deixado sob a árvore de Natal, ao lado dos sapatinhos da ministra Dilma Rousseff, do presidente Lula e de todo o PT. Um cenário sem presépio, mas de uma enorme presepada, que, é claro, será explorado no ano que vem, no mínimo para anular o discurso moralista do adversário.

São as ironias da política: os tijolos de que o DEM, de repente, se fez useiro e vezeiro de atirar nas vidraças alheias, voltam-lhe, agora, como bumerangue, no meio da testa, deixando sem voz os mais falantes; fazendo gaguejar os mais eloquentes; revelando o desde sempre inocultável mal-estar de peessedebistas com a companhia do antigo PFL, oligarquia tacanha que nunca esteve à altura da aristocracia ilustrada tucana. Verdade que as vidraças já atingidas nunca foram de igrejas, mas o farisaísmo é realmente uma cobra que pica a si mesmo. Agora o DEM passa a saber disso.

As cenas em horário nobre falam por si. Mas choca o fato de que, infelizmente, nem escandalizam tanto assim; o escândalo tem se banalizado. No pastelão da política nacional, tornaram-se vulgares os maços de dinheiros aos montes e o descaramento com que se negocia a propina, como se fosse a coisa mais trivial de feira livre. É água no moinho de quem acredita que "política é coisa pra malandro". De um modo ou de outro, os "Panetones de Arruda", ao contrário da erva, atraem o mau-olhado da cidadania, que a tudo despreza na política. O que é um erro, afasta as pessoas de bem do bem comum, isola os que ainda pelejam.

No mais, não é a primeira vez em que comida e política se misturam, promovendo uma grande lambança: a começar pela frase que se atribui a Maria Antonieta, que, de fato, a mulher de Luís XVI jamais pronunciou: "Se não há pão, dê-lhes brioches", teria dito, sem cerimônia e sem ciência do que acontecia no entorno de Versalhes. A maldade com a rainha deve ter sido coisa de Jean-Paul Marat ou de Camille Desmoulins, os dois maiores jornalistas, línguas de trapo e difamadores da Revolução. O fato é que a frase atribuída a Maria Antonieta denunciava o indesmentível distanciamento entre a realeza e o povo, que surrava padeiros e pedia pão.

Marat e Desmoulins pregaram a pecha no inimigo. Folclore ou anedota, não importa: a frase de nonsense ficou para a posteridade como símbolo de insensibilidade política e social, estupidez ou escárnio. Por essas e outras, Maria perdeu a cabeça numa guilhotina da Revolução Francesa. Aqui, o governador foi seu próprio Marat e afiou a lâmina da própria guilhotina. A história dos panetones foi recebida como símbolo mais acabado da desfaçatez e do distanciamento entre governantes e o povo.

É mais uma vez culinária e política se misturando como um angu de caroço duro de engolir. Em sua posse, o presidente Lula afirmou que se sentiria realizado e feliz se, ao final de seu mandato, todo brasileiro tivesse assegurado o direito de pelo menos três refeições por dia. Logo propôs o Fome Zero, um insucesso inicial de crítica e público que teve até de mudar de nome. Em outro contexto, Fernando Henrique Cardoso teria declarado ter o pé na cozinha, e, em campanha, encarou com coragem uma bela buchada de bode. Itamar Franco e seus pães de queijo fizeram história. O pão com mortadela de Jânio Quadros foi marca de sua histrionice. Sinal da essencialidade do tema - noutra dessas frases atribuídas -, teria Karl Marx sentenciado: "Primeiro a barriga". A fome precede a ideologia, mais vital, mais visceral. Não comemos sonhos - a não ser os de padaria -, como se sabe.

Um jornalista amigo me alertou que na Alemanha existe um pão de Natal, feito com massa doce e frutas cristalizadas, muito parecido com o panetone; seu nome é stollen (em inglês, stolen é "roubado"). Ironia da língua dos filósofos com a política nacional! "A gente não quer só comida", Arruda sabe, a gente quer comidinha diferente, quer uma guloseima pro fim de ano, um cala-boca qualquer! Misto de Maria Antonieta, Lula, FHC, Itamar, Jânio e Marx, o governador do Distrito Federal, põe sobre a mesa seus panetones, inova no cardápio. Sai do governo para passar à história - que história.

Como na frase de Maria Antonieta, não sabemos se o "panetone de Arruda" foi tergiversação, estupidez ou escárnio. Talvez um ensopadinho disso tudo. O certo é que dificilmente o pescoço de José Roberto Arruda deixará de sentir a afiada e fria lâmina da sobrevivência política do DEM. Naquelas cercanias, neste ano, o espírito de Natal será mesmo o do dr. Joseph Ignace Guillotin.Estadão

15 morrem em alagamentos em S.P. Kassab está em campanha com José Serra


A tempestade de anteontem despejou sobre São Paulo, em uma hora, o equivalente a 25% de toda a chuva esperada para o mês de dezembro. Quando fenômenos climáticos desse porte acontecem, qualquer grande cidade enfrenta problemas.

Mesmo assim, não dá para responsabilizar apenas o calor, o céu e as nuvens pelas mortes que ocorreram por causa da chuva na região metropolitana entre quinta e sexta. Até o fim da tarde de ontem, ao menos 11 pessoas haviam morrido por causa de deslizamentos de terra. Ainda que os governos municipais e estadual não possam prever hora e intensidade das tempestades, engenheiros e Defesa Civil são capazes de apontar, com bastante precisão, quais são as áreas com perigo de deslizamento de terra.

É preciso tirar as pessoas dessas áreas de modo permanente e levá-las para habitações mais seguras. Se há locais que correm o risco de serem varridos por lençóis de lama, cabe ao poder público policiar essas áreas e impedir que famílias se instalem ali.

Este ano foi incomum, atravessado por chuvas intensas de janeiro a dezembro, mas é sabido que o verão é o período das piores tempestades. Por que os prefeitos, com a ajuda do governador, não intensificam o trabalho de limpeza dos córregos, de contenção de encostas e de desobstrução de bueiros nos meses que antecedem as chuvas? Não dá para a região metropolitana de São Paulo ser surpreendida todos os anos por chuvas que caem sempre na mesma época.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mercadante: 'Oposição está engasgada com o panetone'

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse hoje que a oposição não tem discurso econômico, social e moral para debater com o governo na próxima campanha para presidente. "Na área moral eles estão engasgados com o panetone do Arruda em Brasília", disse o senador durante a 4ª Oficina de Gestão Pública, que acontece hoje no Guarujá, na Baixada Santista.

Mercadante comemorou com cautela a pesquisa encomendada à Vox Populi pelos próprios petistas que mostra que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possui entre 22% e 30% das intenções de voto nas eleições para presidente. "Eleição é que nem melão, você bate, pesa, olha, mas você só sabe o que tem dentro quando abre. Então, não dá para dizer que a eleição já aconteceu, até porque a humildade é trabalhar com seriedade. Mas eu estou muito confiante na possibilidade de vencer as eleições presidenciais."

Segundo o senador, o aumento do tempo no horário gratuito de TV será um grande aliado de Dilma no pleito do próximo ano. "Nós tivemos 21% do tempo de televisão em 2002, 24% em 2006 e vamos ter 50% de televisão em 2010. Isso ajuda muito para quem é governo porque nós vamos poder mostrar um Brasil que o povo sente e não vê", disse, completando que os brasileiros poderão conhecer a história política da ministra.

"Além disso, acho que a despedida do Lula (presidente Luiz Inácio Lula da Silva) vai comover profundamente o povo brasileiro, vai dar um sentimento de vazio. E esse sentimento, essa emoção, vai ser canalizada com a continuidade do governo com a eleição da Dilma", afirmou o senador, completando que irá a festa do PT em Brasília na próxima terça-feira.

"A festa é para comemorar 30 anos da história do PT. É uma história muito bonita, de um partido que mudou o Brasil, mudou pra melhor", disse Mercadante sem responder se se sente constrangido com o fato de a festa homenagear os ex-presidentes do partido, entre eles os réus no processo do mensalão petista, José Genoino e José Dirceu.Agência Estado.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vice e algoz de Yeda mira a Assembleia

Empresário bem sucedido e ex-dirigente de entidades de classe, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó (DEM), afirma que está "frustrado" e "chocado" com o governo de Yeda Crusius (PSDB), com quem rompeu ainda durante a campanha eleitoral de 2006, mas nem por isso pensa em abandonar a política no ano que vem, quando terminar seu mandato. Defensor assumido do liberalismo, da redução da carga tributária e de um Estado menor e mais eficiente na gestão dos recursos públicos, ele ainda não sabe exatamente a que cargo irá concorrer, mas o próximo passo da carreira iniciada em 2007 pode passar pela Assembleia Legislativa gaúcha.

"Eu ainda tenho um papel (a cumprir). Entrei no jogo e agora é para jogar", afirma. O vice-governador coloca a decisão nas mãos do partido, mas ressalva que "ainda é cedo, tem muita coisa para acontecer e uma avaliação só será mais clara e definitiva quando se consolidarem as alianças". Segundo ele, por enquanto a hipótese mais consistente é que o DEM se alie ao PDT e ao PTB, mas abra mão da cabeça de chapa para o governo estadual.

Com a fala calma e pausada de quem não se ilude com a notoriedade adquirida como um dos críticos mais ácidos e contundentes do governo Yeda, Feijó não é favorável à "aventura política" de concorrer a governador por um partido ainda pequeno no Estado como o DEM. Ele tampouco perde a tranquilidade quando colocado diante da possibilidade de assumir o governo por alguns meses no ano que vem, caso a governadora renuncie para concorrer a outro cargo e não à reeleição.

Ex-supermercadista e hoje dono de empresas de consultoria, participações e negócios imobiliários, entre outras, o vice-governador filiou-se ao então PFL no fim de 2005 a pedido de líderes do partido que queriam tê-lo à disposição para a eleição de 2006. Depois de presidir as associações gaúcha e brasileira de supermercados (Agas e Abras) e a Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul, ele confessa que "não queria ser eleito", mas aceitou concorrer a senador na chapa PSDB-DEM. Tinha certeza de que não levaraia a única vaga numa disputa contra nomes como Pedro Simon (PMDB) e Miguel Rossetto (PT).

Só que, na última hora, os dois partidos acabaram colocando-o na vaga de vice de Yeda e, para não tumultuar, resolveu aceitar. Com o amplo relacionamento no meio empresarial, ajudou a chapa a arrecadar contribuições, mas logo depois do 1º turno o tempo começou a fechar. Quando a então candidata tucana começou a costurar alianças para o 2º turno, ela saiu em busca do apoio do PMDB e do PP e "desprezou o DEM, inclusive pedindo que eu renunciasse à vice", lembra Feijó.

O episódio, conhecido nos meios políticos gaúchos, selou a ruptura entre a governadora e seu vice. Em algumas poucas ocasiões depois da posse os dois chegaram a anunciar acordos de paz, mas a cisão era mesmo irremediável. Ainda antes do início do governo, por exemplo, Yeda havia acertado com o então governador Germano Rigotto (PMDB) o envio de um projeto à Assembleia mantendo o aumento do ICMS sobre energia, telecomunicações e combustíveis. Mas, assim como havia feito dois anos antes, Feijó voltou a liderar manifestações contra a medida, que dessa vez acabou derrotada, e bateu de frente contra a tucana.

"Yeda rasgou o discurso da campanha", afirma Feijó, para quem hoje o governo segue aumentando a carga de impostos de forma "enrustida" graças à ampliação dos setores da economia sujeitos ao regime de substituição tributária (no qual o ICMS é recolhido na indústria sobre um valor presumido de venda da mercadoria no varejo). A ruptura custou a ele o total isolamento no governo, mas também rendeu à governadora um adversário perigoso na própria trincheira.

Em um dos embates posteriores, revelou gravação comprometedora com o ex-chefe da Casa Civil, Cezar Buzatto, sobre o uso de órgãos públicos e estatais para financiamento de aliados. Depois, depôs ao Ministério Público Federal sobre desvios de recursos de campanha e ajudou a abastecer uma ação por improbidade administrativa movida contra a governadora (mais tarde ela teve seu nome retirado da ação por liminar do Tribunal Regional Federal, mas o caso ainda não está encerrado). "Eu não tolero corrupção no meu governo, no meu partido, nem nos meus oponentes", afirma, palpitando pelo afastamento imedidato do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, seu correligionário.

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