quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Setor elétrico é a maior aposta do grupo alemão no Brasil

Preparada para crescer anualmente no segmento "verde", a Siemens vê no Brasil grande potencial para expandir seus negócios nos próximos anos. Grande parte dessa expectativa se deve ao fato de o país já pender "naturalmente" para isso, sobretudo no setor energético. Líder mundial em energia hidrelétrica, o país deverá consolidar sua matriz energética limpa com avanços nas gerações eólica e na cogeração com bagaço de cana e outros resíduos da agroindústria.

"Já tínhamos um portfólio verde no Brasil antes da reorientação mundial porque essa é a nossa vocação", diz Adilson Primo, presidente da Siemens Brasil.

Segundo o executivo, o portfólio "verde" da empresa no país representa cerca de 20% a 25% do total. Percentualmente, é maior que o do grupo. Com o Programa para Aceleração do Crescimento (PAC), os negócios nesse segmento poderão crescer mais, uma vez que quase todos os projetos tem um conteúdo "green".

"Peguemos [a hidrelétrica de] Jirau, em Rondônia: estamos falando de energia renovável e de transmissão de corrente contínua onde temos uma tecnologia específica, com menos descargas na atmosfera", diz o executivo.

A grande expectativa do grupo, no entanto, está no setor eólico. A Siemens Brasil aguarda os resultados do primeiro leilão de energia eólica, que ocorrerá em novembro, para tomar uma decisão: levantar seu primeiro parque industrial eólico no país, no caso de um resultado positivo.

"Estamos estudando montar uma fábrica de energia eólica. Estamos analisando quais componentes - pás, gerador ou a engrenagem - poderíamos fazer com níveis de nacionalização que seriam incrementados ao longo do tempo. Mas é preciso ter certa previsibilidade para se tomar uma decisão dessas", diz Adilson Primo, presidente da Siemens Brasil. "Até agora sabemos só que teremos leilão, que consideramos muito importante porque vai conceder mil megawatts para os investidores. Mas será exitoso? O último leilão foi um fiasco. Achávamos que teria uma série de investidores. E foi deserto."

Outra aposta do grupo está no setor de cogeração com bagaço de cana-de-açúcar. A estratégia da empresa é realizar parcerias tecnológicas com universidades, institutos de pesquisa e empresas locais para desenvolver soluções específicas para esse mercado. Uma das parcerias de mais sucesso tem sido com a indústria de base Dedini, de Piracicaba (SP), para o processo de automação das usinas de açúcar e álcool.

"Estamos aliados à política mundial e aproveitamos o que emana da matriz, todas as soluções criadas no conglomerado. Mas buscamos o desenvolvimento de nichos onde o Brasil vai dominar a tecnologia nos próximos anos", diz o executivo brasileiro.

Para ele, o Brasil deveria privilegiar os segmentos econômicos que o diferenciam dos demais países. O grande filão será nas energias eólica e de cogeração. A energia solar, no entanto, deslancharia apenas em um segundo momento. "Mas isso vai ter de ser subsidiado", diz Primo.

"O Brasil tem vocação para certas coisas e acho que é isso o que o país devia fazer: focar. O país não tem recursos para tudo, portanto deveria fechar o leque. Deveria saber quais são as suas vocações e investir pesado nelas."

De acordo com Primo, o braço brasileiro da Siemens tem investido continuamente no país, ao longo dos últimos dez anos, em torno de R$ 120 a R$ 140 milhões por ano. "Isso é muito mais do que a média das empresas nacionais. A Siemens mundial investe quase € 4 bilhões por ano. Eu não sei se o Brasil investe isso".

O grande problema, acrescenta o executivo, continua sendo a falta de uma cultura de inovação. "O Brasil é um país que inova pouco. As empresas brasileiras não têm o DNA da inovação e essa é a grande vantagem de um país como a Alemanha", diz o executivo. "A Alemanha não tem recursos naturais, é um país desse tamanho e, no entanto, é o maior exportador mundial. E o que ela exporta? Ideias."

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