domingo, 13 de dezembro de 2009

Golpes no natal

A internet deixou de ser somente uma ferramenta de comunicação ágil e que leva informação a todos os cantos do planeta. Além do e-comerce e do mercado publicitário virtual, ganham-se bilhões na web em um comércio clandestino de dados bancários e golpes financeiros. O negócio chega a movimentar US$ 1 trilhão por ano em todo o planeta, segundo cálculos da empresa de software e segurança na internet McAfee. A principal isca para enganar os usuários está no espírito natalino, época em que chega a movimentar 70% dessa economia paralela. As armadilhas para angariar a maior parte desses recursos se resumem nos 12 golpes natalinos (leia quadro abaixo), título de um estudo que relata o funcionamento desse mercado e ensina a escapar das ciladas.

O meio mais usado pelos criminosos são os spams — e-mails não solicitados que são enviados a um grande número de pessoas. No Natal, os hackers aproveitam a boa vontade das pessoas e enviam mensagens falsas, de instituições beneficentes, e solicitam doações. Outro golpe comum no período é o das ofertas mentirosas, no qual uma página eletrônica oferece produtos, como computadores e joias, por 30% do preço. O consumidor compra, mas não leva, e ainda tem os dados bancários furtados. “Esse é um golpe eficiente, de baixo custo, dispara milhões de e-mails em segundos, atingindo uma área enorme do planeta”, explicou o gerente de suporte técnico da McAfee para América Latina, José Matias.

Fraude
Neste Natal, o hacker Noel tem distribuído um e-mail com o título “seu bônus fidelidade TAM”, no qual informa que o consumidor tem direito a uma viagem de ida e volta para qualquer lugar do país, de graça. Todos os elementos visuais da mensagem são idênticos aos utilizados pela companhia aérea. O problema é que nunca foi mandado por ela. Assim que soube da falsa promoção, a TAM divulgou que se trata de uma fraude. “É preciso bom senso. Não se pode sair clicando em qualquer link sem saber de onde ele veio. Nem acreditar em ofertas absurdas, se não está participando de promoções”, aconselhou o diretor da consultoria e-bit, Pedro Guardi.

Esses tipos de e-mails são tão perigosos que, segundo levantamento da McAfee, os prejuízos causados à empresas atingem, em média, U$$ 182 mil ao ano, só com spams. “Se calcularmos para uma empresa de mil empregados, os prejuízos podem somar U$$ 41 mil para cada 1% de spams que esses funcionários recebem”, calcula Matias.

Assédio
A maior dificuldade em combater os spams está na forma como se espalham e na velocidade — correspondem a 83% de todas as mensagens enviadas pela internet. São 150 bilhões em um mês, o que equivale a 30 por dia para cada habitante da terra. Somente nos Estados Unidos, os prejuízos com ataques de hackers, de diversos tipos, somaram U$$ 8 bilhões entre 2007 e 2008. “Às vezes, o varejo é quem sofre mais assédio visando dados financeiros, além de ataques de consumidores fantasmas”, alertou Guardi.

O cibercrime se profissionalizou a tal ponto que existem dois filões de mercado. Um em que são furtadas informações bancárias apenas para aplicar golpes e ganhar dinheiro e outro em que o criminoso pega as informações, realiza um leilão na internet e vende os dados para outros hackers praticarem crimes. “Hoje, você consegue entrar em um site de leilão e comprar uma informação por US$ 0,50 (lance mínimo). É um elo importante da cadeia produtiva do crime”, alerta Matias.

Momento arriscado

De acordo com especialistas, o mês de dezembro é o preferido pelos criminosos para praticar crimes contra consumidores e instituições pela internet. Com a maior quantidade de dinheiro circulando no mercado, devido às férias e ao 13º salário, as pessoas ficam mais dispostas a gastar e os bandidos aproveitam para ganhar dinheiro fácil. A dica é não acreditar nas promessas da web, não fazer doações por ela nem comprar em portais desconhecidos. Nos sites da e-bit e do Buscapé é possível encontrar uma lista de lojas virtuais que cometeram algum tipo de crime. Outra dica é nunca clicar em links desconhecidos. (VM)


Área de zumbis

O Brasil também tem sua parcela de colaboração no trilionário negócio dos crimes pela internet. Especialistas identificaram o Rio de Janeiro como a cidade com o maior número de “máquinas zumbis” do mundo — computadores que são infectados e “controlados por um mestre” para efetuar ataques a consumidores, lojas e instituições financeiras. “É uma rede de 40 mil computadores no Rio, a maioria de usuários comuns que nem sabem que seu computador é manipulado”, afirmou o gerente de suporte técnico da McAffe para América Latina, José Matias.

Na maioria dos casos, nos crimes bem elaborados, não é possível descobrir nem mesmo se o hacker é brasileiro. Para alguns especialistas, a cidade maravilhosa é um dos principais pontos de onde saem ações contra várias partes do mundo. Quando a internet começou a se popularizar no país, há 10 anos, ataques a outros computadores ainda eram brincadeiras de adolescentes. Hoje, 85% têm motivação financeira.

0 comments:

Postar um comentário

Ver e Rever Copyright © 2011 | Template created by Ver e Rever | Powered by Blogger