O presidente Lula está convencido de que o Banco Central (BC) dará a devida contribuição para pavimentar o caminho positivo à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão em 2010. Nas recentes conversas que teve com o presidente do BC, Henrique Meirelles, Lula ouviu que o Brasil está prestes a alcançar o feito histórico de conviver com taxa de juros de um dígito e inflação no centro da meta. Meirelles deixou claro que esse quadro é inevitável, mas que se concretizará sem pressões e com a segurança que sempre marcou o Comitê de Política Monetária (Copom). Se não for na reunião que começa hoje e termina amanhã, em junho a taxa básica (Selic) já estará abaixo de 10% ao ano.
Entusiasmado com essa perspectiva, Lula tem dito a seus auxiliares que 2009 é o ano da travessia, de arrumar a casa para garantir a retomada da atividade econômica, com crescimento acima da média mundial. “Todos os indicadores dos últimos 30 dias mostram recuperação da economia, ainda que modesta, no segundo trimestre”, diz um ministro.
Ele menciona as vendas da indústria automobilística e o aumento do consumo de energia. “O governo não compartilha da visão do mercado, de que haverá queda de até 1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. O mercado é formado por um bando de garotos, que ganham um monte de dinheiro, mas fazem muita gente perder um monte de dinheiro”, acrescenta.
Superávit menor
O otimismo do governo está amparado numa combinação de fatores. Um deles é a inflação em baixa apesar da desvalorização do real ocorrida por conta da crise. “Houve desvalorização sem pressão inflacionária. Temos muito espaço para a queda dos juros”, afirma o senador Aloizio Mercadante (SP), líder do PT e conselheiro informal de Lula na área econômica. O petista lembra que a inflação e os juros em queda abriram espaço para a redução da meta do superávit primário (economia para o pagamento de encargos da dívida), de 3,8% para 2,5% do PIB, e permitiram ao governo levantar recursos para custear medidas destinadas a estimular a economia.
Entre essas medidas, que, na visão do governo, terão forte repercussão em 2010, estão as desonerações tributárias já anunciadas e as em estudo, o pagamento do reajuste salarial do funcionalismo e do salário mínimo, a inclusão de mais 1 milhão de famílias no Bolsa Família ainda em 2009 e o programa Minha Casa, Minha Vida.
“O presidente manifestou grande expectativa de que o programa habitacional seja o eixo de fomento da atividade econômica”, destaca o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que, na quarta-feira da semana passada, teve uma audiência com Lula. “O presidente quer que o Minha Casa, Minha Vida seja um sucesso efetivo”, reforça o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), presente no mesmo encontro.
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