terça-feira, 28 de abril de 2009

PT quer independência


Mais de 300 dirigentes do PT passaram o último fim de semana em discussão sobre os rumos da legenda no Distrito Federal. A maioria dos discursos sinalizou três posições fundamentais: os petistas querem ter candidato próprio ao Governo do Distrito Federal, não deverão fechar aliança no primeiro turno com o grupo do governador José Roberto Arruda (DEM), tampouco com o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB), e avaliam ser necessário definir logo o nome que vai representá-los nas eleições de 2010.

A disputa continua entre o deputado Geraldo Magela (PT-DF) e o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, mas a grande maioria das tendências defendeu uma escolha rápida, até junho deste ano. São dois os principais receios do PT: a perda de terreno político para as demais forças que ganham dia a dia espaço na opinião pública e o temor de que a indefinição no Distrito Federal acabe provocando uma intervenção nacional em nome da formação do arco de alianças de apoio à candidatura presidencial. “A maioria das tendências apoia a escolha neste primeiro semestre, seja por meio de prévias, debates internos ou qualquer outra forma legítima de aferição do nosso candidato a governador”, explica o presidente regional do PT, Chico Vigilante.

No seminário, realizado no Hotel San Marco, não houve uma deliberação oficial sobre qual caminho o PT deverá trilhar. A decisão deve sair de uma reunião do diretório regional marcada para 4 de maio. Três petistas — Lúcia Ivanov, Roberto Policarpo e Chico Machado — vão resumir as teses defendidas no fim de semana num texto de resolução que deverá ser discutido pelos integrantes do diretório. Essa é a instância de decisão local. A antecipação das prévias, no entanto, não pode ocorrer apenas por vontade da maioria do PT-DF.

Pelo estatuto do PT, se um petista desejar disputar a indicação do partido para a corrida ao GDF, ele tem esse direito. A direção nacional estabeleceu que as prévias só deverão ocorrer a partir de fevereiro de 2010, depois do grande encontro do partido para elaboração das estratégias eleitorais para a campanha à Presidência da República. O objetivo é amarrar as definições estaduais aos interesses da chapa nacional, de forma que em algumas unidades da federação o PT ceda espaço nas chapas majoritárias para partidos aliados, como o PMDB, PSB, PTB e PSB. “Não há como o PT lançar candidato a governador em todos os estados. Mas no Distrito Federal certamente teremos um nome na disputa”, acredita Wilmar Lacerda, chefe de gabinete do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini.

Dificuldade
No seminário, os petistas citaram a dificuldade atual do PT, que aparece em terceiro lugar, com menos de 10% das intenções de votos, nas pesquisas feitas por vários institutos. Arruda está em primeiro e é seguido pelo ex-governador Roriz. Na avaliação de vários integrantes do PT, a legenda corre o risco de ficar a reboque dos adversários, com uma possível polarização eleitoral entre eles. Uma aliança com o PDT do senador Cristovam Buarque, e outros antigos aliados como o PCdoB, PSB e até o PV, que está na base do governo Arruda, também foi tema de discussão entre petistas.

Cristovam também tem se movimentado e conversado com partidos de oposição ao atual governo local. Ao Correio, ele disse que tem expectativa de formação de um bloco de centro-esquerda no Distrito Federal nas próximas eleições. Também afirmou que apoiaria tanto Agnelo quanto Magela, caso um dos dois seja candidato do PT. “Essa, no entanto, não é uma discussão minha. O PT tem que decidir”, ressaltou.

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